O Sol nasceu, como está lindo o céu
Cá vou eu, vem tu daí também
Aprender como se vai até à Rua Sésamo...
Vem brincar, traz um amigo teu
E ao chegar, tu vai poder também
Ensinar como se vai até à Rua Sésamo...
Até à Rua Sésamo...
Parece que foi ontem mas foi a 6 de Novembro de 1989 que a Rua Sésamo chegou a Portugal e foi como se vivêssemos nela. Aliás, já existiam várias Ruas Sésamos por esse mundo fora (quem apanhava a TVE recordará também o "Bario Sesamo") mas a versão portuguesa chegava vinte anos depois do original americano, concebido pelo pai dos marretas Jim Henson. Nos anos 70, alguns dos segmentos desse programa foram exibidos na RTP no espaço "Abre-te Sésamo", mas foi preciso esperar até 1989 para que a Sésamo fosse uma rua portuguesa, com certeza. Mas o nosso país não perdeu pela demora e a série não demorou a encantar miúdos e graúdos, com uma produção exemplar, bonecos irresistíveis e uma forma divertida de educar os mais novos e ensinar as letras, os números e muito mais. Daí que embora o público alvo inicial fossem crianças dos 3 aos 6 anos, o programa também cativava aqueles que eram mais velhos. Por exemplo, na altura eu tinha 9 anos, mas eu e os meus colegas também víamos assiduamente a série, que passava de segunda a sexta-feira duas vezes ao dia (de manhã e ao fim da tarde).
Ao todos foram quatro séries (as três primeiras de 130 episódios, a quarta de 90) emitidas entre 1989 e 1996, incluindo repetições.
A série dividia-se entre vários segmentos. Havia as sequências com as personagens do elenco nacional: André (Vítor Norte), o mecânico faz-tudo, o casal Zé Maria (Fernando Gomes) e Carolina (Lúcia Maria nas séries 1, 2 e 3, Ana Luís na 4.ª série) donos da papelaria do bairro, Gil (Pedro Wilson) estudante de medicina e desportista, Guiomar (Alexandra Lencastre), estudante de arquitectura e fotógrafa amadora, neta do Senhor Almiro (António Anjos), dona da frutaria e a Avó Chica (Fernanda Montemor), a simpática idosa que era como fosse avó de toda a gente na rua (e até dos telespectadores), cujo talento para a culinária atraía sempre todas as personagens à sua cozinha.
Mas sem dúvida que as personagens mais queridas não eram as de carne e osso mas sim os dois bonecos da rua: o Poupas (Luís Velez) e o Ferrão (António Pinto/Jorge David), decalcados respectivamente do Big Bird e do Oscar do original americano. O Poupas, apesar do seu tamanho, era ainda uma ave-criança, e como tal, cada episódio aprendia algo mais não só sobre letras e números, mas também sobre a vida e sobre si mesmo, através da interacção com os outros. O seu jeito simpático e altruísta cativava todos, se bem que por vezes tivesse atitudes menos correctas típicas de uma criança. O Ferrão por sua vez era um bicho rezingão e algo egocêntrico, mas com bom fundo. Era um ávido coleccionador de tralhas que guardava no seu caixote e o inventor do agripino, um vegetal misto de agrião com pepino, que tentava em vão que os outros consumissem. Apesar da sua tendência para a birra, para aborrecimento de todos, no fundo ele gostava de toda a gente e todos gostavam dele. A partir da 2.ª série, surgiu a Tita (Paula Velez), uma gata dengosa e senhora do seu nariz.
Depois havia as divertidas sequências com os bonecos da versão original que depressa ganharam lugar no coração da pequenada: Egas, Becas, Gualter, Cocas, o Monstro das Bolachas, Telmo, João Esquecido, Crespo, o Conde de Kontarr, Rosinha e a vaca Glória. As dobragens foram dirigidas por António Feio e contavam com as vozes de José Jorge Duarte, Rui de Sá, Manuel Cavaco, Cláudia Cadima, Ana Bola, Helena Isabel, José Raposo, Miguel Guilherme e José Pedro Gomes, entre outros.
Há vários sketches que ficaram na memória colectiva, mas decerto que este é dos mais recordados:
"Eeeeeeeeeeeeeee....Peixe! Peixe! Peixe! Peixe!"
Havia também segmentos animados (alguns adaptados de outros países, outros made in Portugal) a ensinar as letras, os números, as formas, os opostos (ex: dentro/fora). Por exemplo, eis a baleia Beatriz e as palavras começadas por B.
Por fim, havia sequências filmadas alusivas a vários temas por exemplo, a reciclagem do vidro dos vidrões ás novas garrafas, o fabrico do Queijo da Serra e a vida de crianças que viviam nos Açores, na Madeira, em Macau e nos países africanos de língua portuguesa.
Além da série, a Rua Sésamo também originou um vasto merchandising que incluía vídeos, livros educativos, material escolar e sobretudo uma revista que se dividia entre uma parte com actividades para as crianças (jogos, histórias, versões em papel de alguns dos desenhos animados educativos, receitas) e um guia para os pais e educadores. Eu lembro-me de comprar a revista todos os meses, de ler as histórias ao meu irmão e jogarmos ao jogos que lá vinham.
Tirando um breve regresso do "Abre-te Sésamo" em 2007 (que incluía novas dobragens de alguns segmentos da série) na RTP2, nunca mais o universo da Rua Sésamo foi recuperado para televisão, o que é pena. Para aqueles que cresceram com a Rua Sésamo, sem dúvida que esse universo faz parte das suas memórias de infâncias mais felizes.
Em breve, vou dedicar um cromo às canções da Rua Sésamo que ficaram na nossa memória.
Um episódio integral (disponível no canal do YouTube Miguel Unas):
Génerico da 1.ª série:
Générico da 2.ª e 3.ª série:
Genérico 1992:
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Muito boa serie,saudades daquele tempo.
ResponderEliminarÉ verdade :) Eu já era quase adulto e ainda via :)
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