Um evento da grandiosidade dos Jogos Olímpicos pede sempre uma banda sonora à altura e nos anos 80 e 90, foram vários os tema épicos que capturaram o imaginário do maior evento desportivo do planeta. Nos Jogos de 1984 em Los Angeles, os primeiros que me recordo de ter visto, ficou na memória a partitura "Olympic Fanfare" de John Williams que era ouvida mal começava uma transmissão em directo da RTP em Los Angeles. Desde então foi utilizada em diversos eventos, desportivos e não só, como uma das primeiras vezes em que fui ao circo e ouvi a banda a tocar isto.
Mas foi em 1988, nos Jogos Olímpicos de Seul, que uma canção marcou pela primeira vez uns jogos da olimpíada. Apesar da K-Pop ser actualmente um fenómeno de culto a nível global, o primeiro grande êxito musical internacional oriundo da Coreia do Sul foi este "Hand In Hand" dos Koreana (acho que só apenas superado mesmo pelo "Gangnam Style"). O grupo foi fundado em 1962 mas só editou o primeiro disco em 1979 já com a formação definitiva composta por Hwa Ja "Marie" Hong, Ae Sook "Cathy" Lee, Seung Kyu "Tom" Lee e Yong Kyu "Jerry" Lee, que durou até à dissolução em 2003. Com a produção a cargo do lendário Giorgio Moroder, "Hand in hand" foi um êxito à escala global, tendo sido n.º1 na Alemanha, Suécia, Japão e Hong Kong.
Como se isso não bastasse, a compilação oficial dos Jogos Olímpicos de 1988 continha uma das mais épicas baladas de Whitney Houston, "One Moment In Time", cujo videoclip tinha imagens da nossa Rosa Mota! Recorde-se que também foi com esta canção que Sara Tavares ganhou o "Chuva de Estrelas".
Como é que se poderia dar seguimento a dois épicos destes? Com um dueto épico para os Jogos de 1992 em Barcelona. De um lado, José Carreras, membro de Santíssima Trindade dos tenores superstars, em conjunto com Luciano Pavarotti e Placido Domingo, que tinham conseguido conquistar público além dos amantes de ópera e tornarem-se campeões de vendas. Do outro Sarah Brightman, a beleza britânica com voz de anjo, que começara ainda adolescente em temas disco kitsch (como este que ainda costuma passar amiúde no VH1) para depois brilhar no teatro musical, pela mão de Andrew Lloyd Webber com quem viria a casar. Juntos cantaram esse épico arrebatador que é "Amigos para siempre". O tema acabou a única memória positiva para Portugal dos Jogos de 1992, já que saímos da Catalunha de mãos a abanar, sem nenhuma medalha (nem sequer no hóquei em patins, que fora modalidade de demonstração!). E claro está, cinco anos mais tarde, Sarah Brightman voltaria a gravar outro dueto esmagador com outro cantor lírico.
Curiosamente, o tema era originalmente interpretado em ritmo de rumba, popularizado sobretudo na versão dos Los Manolos.
E como se já não fosse suficiente, outro dueto épico foi reeditado, por razões óbvias, na mesma altura. Falo obviamente de "Barcelona" de Freddy Mercury e Montserrat Caballé, originalmente editado em 1987.
Quatro anos depois, para o Jogos de Atlanta, mais dois temas oficiais bem olímpicos, na voz de duas divas. Em 1996, Céline Dion reinava suprema nas tabelas de vendas e na ondas hertzianas de todo o mundo, daí que não fosse de admirar a presença dela para actuar na cerimónia de abertura em Atlanta, apesar de ser canadiana. Interpretou "The Power of a Dream", escrita por David Foster, Linda Thompson e Babyface. A canção foi posteriormente incluída no lado B do single "It's all coming back to me now" de Dion.
Mas o maior hit dos Jogos de Atlanta, que consagraram Fernanda Ribeiro, foi "Reach" de Gloria Estefan. O tema, escrito pela própria e por Diane Warren, permanece como um dos melhores momentos do repertório a solo da ex-vocalista dos Miami Sound Machine. Também recordo de ser amplamente requisitado por participantes do "Chuva de Estrelas" e do "Cantigas da Rua" e o vídeo, realizado pelo já falecido fotógrafo Herb Ritts.
Estefan interpretou o tema na cerimónia de encerramento. Além disso, gravou uma versão espanhola "Puedes Llegar", com tudo o que era estrela da música latina na altura: Julio Iglesias, Roberto Carlos, Ricky Martin, Jon Secada, Placido Domingo, só para nomear os mais conhecidos.
Entretanto este post foi abordado na Caderneta de Cromos de Nuno Markl! Ouçam aqui:
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"Amigos para siempre" ainda hoje me humedece os olhos cada vez que a ouço. Belíssima.
ResponderEliminarsem dúvida :)
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