Os recente filmes de Guy Ritchie, as séries da BBC e CBS, trouxeram de volta à ribalta mainstream uma figura icónica: Sherlock Holmes. Apesar de não ser fã hardcore, lembrei-me deste volume da minha biblioteca pessoal: "A Sherlock Holmes Compendium" uma série de artigos e ensaios centrados na figura do maior detective de sempre (desculpa lá, Batman) compilados e editados por Peter Haining em 1980. Fascina pelo detalhe nas análises ás aventuras, situações, ambiente e sociedade da época. Confesso, no entanto, que ainda não finalizei a leitura. A guardar para a reforma?
É uma edição britânica, com 216 páginas.[ISBN 0 491 02843 1, na contracapa, tem a indicação ISBN 0 86379 065 8 ]. Clique sobre as fotos para as aumentar:
Com Portugal mais uma vez prestes a escolher uma canção a levar ao Festival da Eurovisão, após a ausência em 2013, nada como deitar mais um olhar retrospectivo a essa instituição que é o Festival RTP da Canção nos seus tempos áureos. O David Martins já deu o mote aqui na "Enciclopédia" ao enumerar o seu top 5 das canções vencedoras. Já eu proponho fazer um top 6 das canções mais cromas que passaram pelo Festival, em minha opinião.
Antes de começar, importa fazer alguns reparos em jeito de preâmbulo. Primeiro, lá porque uma canção seja considerada croma, não quer dizer necessariamente que seja de má qualidade. Algumas das canções nesta lista estão longe de ser más e quiçá algumas delas até seriam uma proposta interessante para Portugal na Eurovisão. Simplesmente, para o melhor ou para pior, estas canções destacaram-se pela sua invulgaridade, quer a nível da sonoridade, letra ou actuação em palco. Segundo, como já teve direito ao seu próprio cromo, não está incluída a lendária canção do Festival de 1983 "Ave do Paraíso" de Tessa.
1994 foi um dos raros anos com direito a semifinais, a primeira tendo lugar no Teatro São João no Porto e a segunda no Teatro São Luís em Lisboa, onde também se realizou a final. Logo na primeira semifinal, ficou claro que o "Chamar a Música" da Sara Tavares seria de longe a favorita (confirmando na final ganhando com a pontuação máxima), mas antes disso, a primeira canção a subir em palco foi o primeiro tema rap a ser apresentado no Festival, "Desculpa Lá O Mau Jeito" do grupo Blue Tom Tom, que incluía duas irmãs gémeas, Paula e Isabel Branco que também eram autoras do tema. Claro que para o Portugal de 1994, isto era muito à frente e nunca teria hipóteses de se qualificar para a final, quanto mais ganhar, mas ficou para a história a actuação descomplexada do sexteto, que em momentos mais parecia envolvido numa jam session entre amigos do que numa actuação em público.
Verso mais cromo: "A letra que se lixe, o quarto do Manhão serve p'ra chonar"
#5 1993 "Pó de Melhorar" Até Jazz
Para o Festival de 1993, vinte canções passaram pelo programa de Júlio Isidro "Sons do Sol", submetendo-se à avaliação de um júri composto por Carlos Mendes, Fernando Tordo, João Filipe Barbosa, Dulce Pontes e Rita Guerra para escolher as oito canções que seguiriam para o Festival a realizar no Teatro São Luís. Uma das canções eliminadas gerou polémica não pela canção em si, mas pela roupa da intérprete Ana Paulino e pela disparidade de pontuações do júri (Carlos Mendes deu 12 pontos, Rita Guerra deu só um).
De entre as oito canções apuradas (com "A Cidade Até Ser Dia" de Anabela a acabar por vencer de forma indiscutível), a mais croma era "Pó de Melhorar" defendida pelo grupo Até Jazz. Apesar do ritmo animado e da letra divertida, não escapou ao último lugar. Gosto particularmente como a certa altura, além dos dois vocalistas, surge uma voz cavernosa a repetir a última palavra de cada verso.
Verso mais cromo: "Primeiro fui cavalo, depois promoveu-me a burro."
#4 1979 "Uma Canção Comercial" SARL
Em 1979, o Festival da Canção ainda era pautado pela formalidade e solenidade, mas no mesmo ano em que Manuela Bravo fez subir o seu balão, a canção que ficou em terceiro lugar rompeu com os cânones. "Uma Canção Comercial" não só tinha uma letra interessante, precisamente sobre o que é preciso para escrever uma canção que sirva para ganhar o Festival e agradar à Eurovisão, como teve direito a uma actuação de uma irreverência que não se tinha visto antes. Desde os vocalistas (Pedro Osório, Carlos Alberto Moniz e Samuel) a manejar os casacos aos movimentos das cantoras do coro, foi sem dúvida uma actuação bem colorida, mesmo que filmada a preto e branco.
Verso mais cromo: "Eu tenho de arranjar do pé para a mão, alguns acordes mais ou menos geniais."
#3 1984 "A Padeirinha de Aljubarrota" Banda Tribo
O Festival de 1984 contou com a presença de vários nomes conhecidos em competição: António Sala, Paco Bandeira, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, Adelaide Ferreira, as Doce e Rita Ribeiro. A vitória acabaria por sorrir a Maria Guinot com "Silêncio e Tanta Gente".
Mas sem dúvida que a canção mais animada foi a da Banda Tribo com "A Padeirinha de Aljubarrota", um tema neo-romântico, louvando essa figura da história de Portugal que é Brites de Almeida. E como tal, o grupo surgiu vestidos como pajens medievais e Ana Sofia Cid (sim, a filha do José) de padeira. Se tivessem ganho, será que Espanha nos daria pontos na Eurovisão? Ou ainda se lembraria de como Brites de Almeida pôs uns quantos castelhanos a arder no forno?
Verso mais cromo:"Eram sete padeirinhas de Aljubarrota que brincavam divertidas numa cambalhota."
#2 1990 "Terceiro Milénio" Kika
Mesmo com a presença dos sempre esgrouviados Afonsinhos do Condado e de uma canção com o título "Ele É Um Playboy", sem dúvida que o momento mais cromo do Festival de 1990 foi aquele protagonizado por Cristina Paço D'Arcos, que na altura respondia pelo nome Kika e aspirava a ser a Xuxa portuguesa, adaptando a imagem e o imaginário da conhecida cantora-apresentadora brasileira.
Apesar de algumas parecenças físicas, não é Xuxa quem quer e a Kika faltava-lhe um pouco de talento vocal, pelo que quando subiu ao palco do Festival para interpretar "Terceiro Milénio", tema com letra de cariz ecológico, o resultado foram três minutos caóticos. Kika e os seus acompanhantes não pararam um segundo em palco como se assim conseguissem sacudir o óbvio embaraço. Sem surpresas, a canção ficou em último lugar, com a vitória a ir para "Há Sempre Alguém" de Nucha que, tal como muitas canções do Festival da Eurovisão desse ano, era sobre a queda do Muro de Berlim no ano anterior.
Verso mais cromo (tendo em conta a canção e actuação):"Não, não, ao assassínio das baleias"
#1 1986 "Os Tigres de Bengala" Trabalhadores do Comércio
O Festival de 1986, intitulado "Uma Canção Para a Noruega" foi sui generis, pois em vez de actuações ao vivo no mesmo local, foram apresentadas actuações gravadas das doze canções, nos estúdios da RTP dos Açores, da Madeira, do Porto e de Lisboa. Também se desconhecem os resultados à parte das três canções finalistas e da vitória de Dora com "Não Seja Mau P'ra Mim".
Está certo que a própria Dora também teve o seu lendário momento cromo actuando na Eurovisão com uma saia verde-alface e botas Doc Martens, mas como seria se tivesse sido antes escolhida uma outra canção finalista, "Os Tigres de Bengala" dos Trabalhadores de Comércio. A julgar pela divertida actuação que foi para o ar, com a banda de "Chamem a Polícia" vestida de telegrafistas dos anos 20 em alegre coreografia acompanhados por duas flappers, algo me diz que Portugal iria ainda ficar mais na retina dos telespectadores europeus. Isto para além da banda incluir em destaque o seu membro júnior João Médicis, que era da mesma idade da belga Sandra Kim, que venceu a Eurovisão nessa ano.
Verso mais cromo: "Tenho que ir bem arreado e estar atento à cachopa do lado."
Um dos livros que mais vezes reli na minha juventude, requisitando-o frequentemente da Biblioteca Gulbenkien local. "Podkayne Of Mars", ganhou o título português de "A Rapariga de Marte", e a edição que tanto folheei - e comprei há uns poucos anos para o meu espólio - é a da capa que surge primeiro na imagem acima, a da editora Europa-América , com uma vistosa nave espacial, sem dúvida para atrair leitores em busca de space-operas .
Só recentemente soube mais detalhes da carreira do autor, o consagrado Robert A. Heinlein (Estranho Numa Terra Estranha, Starship Troopers), mas na altura fiquei fascinado por esta história, com uma personagem principal forte do sexo feminino, algo invulgar nas minhas leituras imberbes, e além do modelo de sociedade proposto para uma civilização que nasceu da colónia humana em Marte, havia espaço para debater política e outros aspectos que raramente encontrava na ficção cientifica mais soft e aventureira que consumia até ai. Atenção, que o livro não é nenhum tratado enfadonho em política intergalática, e vale bem a leitura.
A narração é feita na primeira pessoa por Podkayne, uma jovem de 8 anos marcianos (15 anos terrestres) e narra a sua viagem numa nave de luxo entre Marte, Vénus e a Terra, na companhia de Clark, o seu irmão mais novo um génio (o nome será homenagem ao Clark "Doc" Savage?) e psicopata em formação; e do seu tio Tom, um velho senador. Durante a viagem de cruzeiro, há tempo para contrabando, paixonetas, raptos, corporações todo-poderosas, engenhos nucleares e ainda para conhecer melhor as peculariedades das colonias humanas no sistema solar . Mais para o final, o livro muda para um registo mais convencional e aventureiro, que chegou a ser censurado por indicação da editora, que - SPOILERS - não achou graça a Heilein matar a personagem principal. /SPOILERS. Posteriormente, o final original foi divulgado e é alegadamente o preferido pelos fãs.
Voltei a ler alguns anos atrás, e aconselho vivamente que façam o mesmo.
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"Trabalhar por correspondência, uma novidade que deu certo". A ilustrar este anúncio para uma empresa anónima, quase uma pinup dos anos 50 ao colo do macho providenciador de dinheiro lá para casa.
Publicidade retirada da revista Maria 428, de 21 a 27 de Janeiro de 1987.
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Tempos houve em que o Festival RTP da Canção fazia parar o país. Já não apanhei o festival no auge da sua importância, mas os Festivais da minha juventude ainda eram um evento. Assistido religiosamente e comentado nos dias seguintes. Ainda me lembro de ouvir cantar o "peguei trinquei, meti-te na cesta" durante um intervalo junto às escadarias da minha Escola C+S. E visto que neste ano se volta a realizar o Festival, quando passam 50 anos da primeira participação no Festival da Eurovisão, compartilho com os caros leitores o TOP pessoal das minhas favoritas de todos os tempos:
Enérgico, espalhafatoso, patriótico sem ser nacionalista apesar da simplista análise dos Descobrimentos e... espera, isto é uma canção, não uma tese de História! Daquelas músicas que entra nos ouvidos e fica lá durante décadas! Infelizmente, não recordo nenhuma das versões mais picantes que obrigatoriamente surgiam nos recreios escolares, baseado neste êxito dos Da Vinci.
A coreografia que deve ter causado muito torcicolo por esse país fora. Letra e música de Carlos Paião, e um dos grandes êxitos do génio musical que abandonou precocemente o palco da vida. Décadas depois desta crítica ao uso excessivo de playback em actuações de artistas, continua a ser prática comum artistas usarem gravações em vez de cantar ao vivo, uma pena na minha opinião, que para ouvir gravações prefiro ouvir o disco em casa.
A canção, com música, letra e interpretação de José Cid, que ensinou os portugueses a dizer "adeus" e "amor" em várias linguas. A transmissão do certame deste ano marcou ainda o arranque das emissões a cores da RTP.
Além de toda a mitologia associada ao 25 de Abril, uma das minhas musicas portuguesas favoritas, letra de José Niza, música de José Calvário e cantada por Paulo de Carvalho envergando uma bela guedelha.
Ousada letra de Ary dos Santos, música de Nuno Nazareth Fernandes e interpretada magistralmente por Simone de Oliveira, pouco sobra dizer sobre esta grande canção, conhecida do público apenas como "A Desfolhada".
Devem ter reparado que a mais recente que escolhi foi de 1989. Bem, basta ver a lista de vencedores dai para a frente - com algumas honrosas excepções - para perceberem a queda de qualidade..
Incluí vários links para o site não oficial "Festivais da Canção" onde podem encontrar toneladas de informação sobre os Festivais. Vale a pena a visita.
O TOP do Festival da Eurovisão não tardará! E quero saber os vossos favoritos!
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