sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Totoro (1988)

 por Paulo Neto

Recentemente, tive a oportunidade de ver este filme quando foi exibido na RTP2, e pude por fim deleitar-me com a beleza desta obra da autoria do mestre Hayao Miyazaki, que tem sido aclamada como uma das suas maiores obras-primas.



"O Meu Vizinho Totoro", também conhecido como apenas "Totoro", foi a segunda longa-metragem de Miyazaki e a terceira dos estúdios Ghibli, originalmente estreada em 1988, a par com outro filme dos estúdios, "O Túmulo Dos Pirilampos" de Isao Takahata.


No Japão dos anos 50, as irmãs Satsuki (10 anos) e Mei Kusakabe (4 anos) mudam-se com o seu pai Tatsuo, um professor universitário, de Tóquio para uma aldeia bucólica perto do hospital onde a mãe delas está internada com uma doença prolongada (nunca é referida que doença é, mas presume-se que seja tuberculose). As duas irmãs deixam-se fascinar pelas paisagens campestres e pela imensidão das árvores, bem como pequenas criaturas que espalham a fuligem na velha casa para onde se mudam. Segundo a Nanny, uma senhora idosa que mora perto, essas pequenas criaturas só podem ser vistas pelas crianças. 
O tempo vai passando e elas vão descobrindo mais algumas criaturas mágicas na floresta. Um dia ao perseguir uma criatura semelhante a um coelho, Mei encontra uma personagem gigante, misto de gato com coelho, a quem ela dá o nome de Totoro. Quando ela indica ao pai e à irmã o caminho por onde ela o encontrou, Totoro já não está lá, mas eles dizem-lhe que na altura certaquando ele aparecerá para eles também.
Satsuki acaba por encontrar Totoro numa noite de chuva, quando ela e Mei esperam pela chegada do pai, que agora tem de fazer uma longa comuta para o trabalho. O autocarro onde ele costuma chegar atrasou-se e Mei adormece às suas cavalitas e é então que ela vê Totoro a embarcar num enorme gato em forma de autocarro - o Autogato. Certa noite mais tarde, as meninas vêem Totoro e outros espíritos a dançar à volta do canteiro onde elas plantaram sementes e juntam-se à cerimónia. 




Dias mais tarde, Kanta, um rapaz das redondezas, entrega a Satsuki a uma carta a informar que a mãe dela teve um problema que adiou a sua alta do hospital. Mei reage mal à notícia e após uma discussão com a irmã, resolve ir até ao hospital sozinha entregar uma espiga de milho à mãe mas não tarda a perder-se. Satsuki e os aldeões procuram Mei por todo o lado mas em vão. Desesperada, Satsuki vai até à árvore onde vive Totoro pedir-lhe ajuda e este invoca o Autogato, que a transporta até onde está Mei e depois até ao hospital. Pela janela, Satsuki e Mei ouvem os pais a conversar e ficam a saber que afinal a mãe só teve uma constipação e que não tardará a vir para casa. O filme termina com as irmãs a brincar com as outras crianças da aldeia, com Totoro e as outras criaturas a observarem de longe.

A trama de "Totoro" é portanto bastante simples, mas o que parecia ser um ponto fraco do filme acabou por ser uma força. Para o espectador, o que o filme oferece sobretudo é um delicioso equilíbrio sobre a alegria de ser criança, descobrir o mundo em redor e voar nas asas da imaginação e os primeiros lampejos da perda da inocência e de reconhecimento das dificuldades de viver e crescer. Todos nós já fomos aquelas duas meninas para quem basta uma brincadeira na floresta para um momento de extrema alegria e esperamos ser adultos como Tatsuo e a Nanny, que em vez de encarar  com cinismo as histórias do Totoro e dos espalha-fuligem, encorajam-nas a não perder essa capacidade de imaginação. 

E depois a arte dos desenhos é fabulosa, desde a relva por onde as manas correm até ao design do Totoro, que apesar da sua bocarra e garras, parece a coisa mais amigável e fofucha que há. Além disso, apesar de já ter mais de trinta anos, o filme não parece nada datado. E quem não gostaria de dar uma voltinha no Autogato? 

Desde então "Totoro" tem sido elevado a um estatuto de culto e ganhou lugar cativo em listas dos melhores filmes de animação. Hayao Miyazaki continuaria a criar grandes obras nos anos seguintes como "A Princesa Mononoke", o oscarizado "A Viagem De Chihiro" e "Ponyo À Beira-Mar". A personagem titular tornou-se a mascote dos Ghibli Studios, teve um variado merchandising e foi aparecendo fugazmente noutros filmes Ghibli. 

Em 2002, saiu uma mini-sequela, "Mei And The Kittenbus", uma curta-metragem de treze minutos com Mei e uma versão miniatura do Autogato. 
Em 2005, o filme teve uma reedição nos Estados Unidos com uma nova dobragem com umas bem jovens Dakota e Elle Fanning a serem as vozes de Satsuki e Mei. No mesmo ano, na Expo que teve lugar na cidade japonesa de Aichi, foi erigida uma réplica da casa dos Kusakabe. 

 


   Trailer:



 

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