quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Bombons Allegro

por Paulo Neto

Embora a televisão ainda seja um meio crucial para se publicitar um determinado produto e suscitar cobiça nos telespectadores, nem sempre a publicidade televisiva é primordial e existem vários produtos que nunca recorreram a anúncios televisivos para terem vendas expressivas (por exemplo, não me recordo de algumas vez ter visto um anúncio na TV das drageias PEZ e os seus míticos doseadores) ou que já não têm anúncios na televisão desde os anos 80/90 mas que continuam a ser vistos em qualquer supermercado, café ou quiosque de jornais. É o caso por exemplo das pastilhas Orbit ou dos achocolatados Suchard Express ou Coqui.




É também o caso dos bombons Allegro, que ainda se vendem por aí. Lembro-me que precisamente no dia em que ouvi o cromo de Caderneta de Cromos sobre eles nos idos de 2011, nessa mesma tarde eu desloquei-me até ao Terminal de Expressos de Sete Rios para apanhar um autocarro de Lisboa e Torres Novas e lá no quiosque onde se vendem os jornais, reparei que nos escaparates das guloseimas estavam embalagens de bombons Allegro. Claro que comprei uns e recordei o seu sabor assaz delicioso que eu já não deglutia desde mil novecentos e oitenta e trócópasso. 

Estes bombons de macio toffee de caramelo envolvido em chocolate de leite são produzidos pela Imperial (a mesma das lendárias "Fantasias de Natal") desde 1980, e o seu auge foi sem dúvida nos anos 80 graças a um célebre anúncio com uma certa dose de marotice.



Nele, um rapaz toca violino enquanto a jovem e atraente professora vai acompanhando com uma batuta, sentada numa cadeira. A câmara vai então alternando planos dos olhos do miúdo e do peito (não obstante totalmente coberto por uma camisa branca) e da boca da professora. De repente, para surpresa da professora, o petiz pára de tocar e retira de bolso um pacote de bombons Allegro, oferecendo um à professora que aceita com um sorriso. O rapaz também come um, mantendo o olhar focado e subtilmente cobiçoso com que observava a mestra, com o ar de vontade de querer dar largas as outras gulas, se -obviamente- fosse mais crescido. Claro que tudo isto pode ser tudo especulação badalhoca de adulto e que a narrativa do anúncio pode ser simplesmente um carinhoso e inocente "gesto de amor", como se ouve no anúncio, entre aluno e  professora, mas que o anúncio dá azo a essas especulações, lá isso dá!

Ao que parece, este não foi o único anúncio aos bombons Allegro, terão havido pelo menos mais dois: no YouTube, existe um comentário de Mafalda de Barros que afirma ter feito um desses outros anúncios como bailarina, mas até ao momento, não há sinal deles na internet. O que existe é uma outra reedição do anúncio do rapaz do violino, mas com uma narração off diferente e que soa mais actual.



Lembro-me ainda que ouve outra reedição do anúncio para divulgar a nova variedade com sabor a menta (que se não estou em erro, também ainda existe à venda).   

Dada a temática musical deste anúncio (e aparentemente dos outros), a inspiração para o nome "Allegro" terá certamente vindo do andamento musical do mesmo nome. (Outro andamento musical, o Adágio, serviria mais tarde para baptizar uma marca de iogurtes.) Mas não foram apenas estes bombons que foram baptizados de Allegro nos anos 80, pois esse foi o nome dado a um programa da RTP de 1983, que foi uma espécie de sequela do "Sabadabadú", de novo com Camilo de Oliveira e com Luísa Barbosa a fazer as vezes de Ivone Silva. 
 
             

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