quinta-feira, 12 de junho de 2025

O Predador (1987)


Um clássico obrigatório dos filmes de acção dos anos 80s, mais concretamente 1987, o ano que nos deu a conhecer outras pérolas como Robocop, Evil Dead 2, Spaceballs, Dirty Dancing, Full Metal Jacket, Bad Taste, Prince Of Darkness, etc.

A sinopse é simples, mas o que com outros realizadores, ou actores poderia ser apenas um banal "Rambo vs Alien": Um esquadrão de soldados de elite em missão nas profundezas da floresta tropical da América Central torna-se a presa de um implacável caçador alienígena.

Os líderes do grupo de perseguidos é Arnold Schwarzenegger (Dutch) no seu auge, e Carl Weathers ("Dillon, your son of a bitch") como o seu contraponto. Mas a estrela principal nem sequer está presente na maioria da metragem, visto que o nosso extraterrestre (Kevin Peter Hall) possui armamento e equipamento tecnologicamente avançado, incluindo a habilidade de se tornar invisível e assim camuflar-se no inferno verde enquanto caça um a um, seguindo um duvidoso código de moral. 

O realizador que aceitou ir filmar para o meio da selva foi John McTiernan, à época um nome quase desconhecido, depois de serem feitas propostas a cineastas conceituados como James Cameron, Ridley Scott ou Brian De Palma. McTiernan estreou um ano depois o lendário "Die Hard" (Assalto ao Arranha-Céus).


O Trailer de "PREDATOR":

Estreou nos EUA no dia 12 de Junho de 1987, chegou a Portugal a 11 de Setembro do mesmo ano com o título nacional de "O Predador" e a classificação "Para Maiores de 16 Anos".








A primeira vez que o vi foi nalguma sessão de cinema na RTP ou uma das privadas. O meu palpite é que foi na TV, devo tê-los gravados nalguma cassete de video VHS. Fiquei fã desde logo, e papei o Predator 2 (1990), que na época me desiludiu uma pouco, mas após um recente binge da franquia Alien e Predator, fiquei sinceramente agradado com dois primeiros Predator, envelheceram muito bem. O original ainda tem muitos fãs, e gerou uma série de one-liners que perduram em memes e na cultura pop: quem nunca viu uma paródia ao "GET TO THE CHOPPA!"?

Em suma, uma película minimalista, dinâmica e directa ao ponto, repleto de personagens carismáticos e falas icónicas, efeitos especiais incríveis, e a batalha de um grupo unido de homens contra uma besta desconhecida – que a cena de abertura já revela ser um alienígena.

terça-feira, 3 de junho de 2025

A Viagem (1994)

O espiritismo é sempre um tema complicado de abordar na teledramaturgia, mas em 1994, uma telenovela brasileira abordou a temática de forma bastante frontal mas sem perder os ingredientes habituais de qualquer novela que se preze. 




"A Viagem" foi uma telenovela brasileira da autoria da Ivani Ribeiro, auxiliada por Solange Castro Neves devido aos seus problemas de saúde, exibida na Rede Globo em 1994 na faixa das 19 horas. Na verdade, tratava-se de um remake de uma telenovela de 1975 da Rede Tupi escrita pela mesma autora. Este remake foi aliás a última telenovela assinada por Ivani Ribeiro que faleceu em 1995. Em Portugal, "A Viagem" passou na SIC entre 1994 e 1995, substituindo "Mulheres De Areia" no horário nobre. 



Segundo a autora, a principal inspiração foram os livros psicografados do médium Chico Xavier que abordavam o tema da vida após a morte como "E A Vida Continua…" e "O Nosso Lar".

Diná e Alexandre


Diná Toledo Dias (Christiane Torloni) é uma mulher bonita e elegante, proprietária de um clube de vídeo. É casada com Téo (Maurício Mattar), um arquiteto doze anos mais novo, de quem tem uma filha, Paty (Viviane Pinheiro). A sua mãe, Dona Maroca (Yara Cortes), também vive com eles.

Diná, Paty e Téo


Embora tenha bom fundo, Diná tem dois grandes defeitos. Um é o ciúme doentio que sente pelo marido, ao ponto de perder as estribeiras sempre que o vê perto de outras mulheres, se bem que Téo nada faz para refrear a situação e esteja sempre meter-se com outras mulheres, o que leva a frequentes discussões entre o casal. O outro é a sua incapacidade de ver que o seu adorado irmão mais novo, Alexandre (Guilherme Fontes), é um homem imoral e violento, constantemente envolvido no banditismo, mesmo diante das evidências mais evidentes. 

Otávio Jordão


Durante uma tentativa de assalto, Alexandre acaba por matar um homem. Denunciado pelo seu cunhado Téo e seu irmão Raul (Miguel Falabella), Alexandre é preso e acusado de homicídio. Desesperada, Diná procura o advogado criminal Otávio Jordão (António Fagundes) para que este defenda Alexandre em tribunal, mas Otávio recusa, sobretudo porque a vítima era um amigo seu. Mas apesar da animosidade entre Diná e Otávio, ambos começam a sentir uma ligação inexplicável um por outro, como se conhecessem numa vida anterior. Otávio é viúvo e tem dois filhos: Tato (Felipe Martins), que pretende seguir Direito como o pai, e Dudu (Daniel Ávila). 

Estela e Bia


Além de Alexandre e Raul, Diná também é irmã de Estela (Lucinha Lins), com quem sempre teve uma ligação telepática. Estela tem uma filha adolescente, Bia (Fernanda Rodrigues), que criou sozinha desde que o seu marido Ismael (Jonas Bloch) a abandonou. Ignorando que ele é um homem de péssimo caráter, Bia sonha em reencontrar o pai.      

Lisa


Alexandre tem uma namorada, Lisa (Andréa Beltrão), uma jovem humilde e sofrida que trabalha como cabeleireira. É ela o principal rendimento da família, uma vez que o seu pai Agenor (John Herbert) não se aguenta em nenhum emprego e o seu irmão Zeca (Irving São Paulo) só quero saber da sua música. Lisa vê em Alexandre um escape à sua vida triste e maçadora, mas quando se vê comprometida pelos atos criminosos do rapaz, decepciona-se e afasta-se dele.
A melhor amiga de Lisa é Carmen (Suzy Rêgo), que trabalha no clube de vídeo de Diná onde se apresenta com uma aparência mais feia para não suscitar a animosidade da patroa.  

Andrezza e Raul

Alexandre acaba por ser condenado pelo crime e suicida-se na prisão. Num recanto do Além denominado o "Vale dos Suicidas", Alexandre planeia a sua vingança contra aqueles que culpabiliza pela sua desgraça. Para começar, decide destruir a relação de Raul com a sua esposa Andrezza (Thaís de Campos), manipulando a mente da mãe desta, Guiomar (Laura Cardoso) e de repente, a antes simpática senhora que tratava o genro como um filho, começa agir de forma raivosa e cruel. 

Entretanto, Diná separa-se do marido quando ela e Otávio assumem que estão apaixonados, enquanto Téo apaixona-se por Lisa. Isso aumenta a fúria de Alexandre que passa a atormentar o ex-cunhado, controlando também Tato, que deixa os estudos e resvala para a delinquência. 

Alberto e Estela


Quando a família Toledo se apercebe que o espírito de Alexandre pode estar por detrás deste acontecimentos inexplicáveis, recorrem ao auxílio do Dr. Alberto (Cláudio Cavalcanti), um médico amigo da família e que se interessa pelo espiritismo. Alberto e Estela acabam por se apaixonar, mas a relação vai passar por muitas dificuldade, até que Ismael regressa disposto a prejudicar a ex-mulher e a manipular Bia.

O mascarado Adonay e Carmen


Outro grande mistério da telenovela é o mascarado Adonay (Breno Moroni), uma estranha figura que surge no bairro onde mora a família de Lisa. Mais tarde é revelado que se trata do antigo noivo de Carmen, que ficou com o rosto desfigurado após um acidente e que fugiu dela com medo que ela o rejeitasse. Já numa onda mais divertida existe um divertido triângulo amoroso na terceira idade, com Agenor e o tímido Tibério (Ary Fontoura) a disputarem o coração de Cininha (Nair Bello), a dona da pensão do bairro.  

Diná no "Nosso Lar"


Na reta final, Otávio acaba por morrer num acidente provocado por Alexandre. Diná mergulha em depressão e só a sua vontade de encontrar a sobrinha Bia, entretanto desaparecida, a mantém viva. Quando a encontra, Diná tem um ataque fulminante e morre. Ela vai parar a um local semelhante ao Céu conhecido como o Nosso Lar, que a princípio crê ser um retiro espiritual, apenas percebendo que está no Além quando reencontra Otávio. Novamente juntos, os dois lutam para restabelecer a paz aos seus entes queridos e neutralizar os poderes malignos de Alexandre.

Por fim, Alexandre arrepende-se do mal que causou e ganha uma oportunidade de redenção ao reencarnar como o filho de Téo e Lisa. Raul e Andrezza reconciliam-se, assim como Bia e Estela, que pode finalmente ser feliz ao lado de Alberto. Ismael acaba tetraplégico e desprezado por todos. Dona Maroca morre feliz e reencontra a filha no Nosso Lar, e os espíritos de Diná e Otávio renovam-se para se poderem encontrar novamente numa próxima vida.  

Do elenco fizeram ainda parte nomes como Eduardo Galvão (Mauro), Denise Del Vecchio (Glória), Ricardo Petraglia (Queiroz), Lolita Rodrigues (Fátima), Danton Mello (Johnny Bala) e Solange Couto (Zulmira). Cláudio Correa Castro, que na versão original fez de Daniel, o mentor de Diná no Nosso Lar, fez um cameo como o advogado de Alexandra. 


No Brasil, "A Viagem" foi uma das telenovelas de Globo da faixa das 19 horas de maior sucesso nos anos 90. Em Portugal, apesar das queixas de alguns espetadores quanto às temáticas espiritistas e às cenas mais chocantes (lembro que a minha mãe não quis acompanhar a novela porque as cenas mais impressionáveis deixavam-na muito perturbada), "A Viagem" também acabou por consolidar a liderança no horário nobre da SIC, onde as telenovelas brasileiras seriam o bastião do canal durante largos anos, fazendo face às duas telenovelas concorrentes da RTP, "Mandala" e "Fera Ferida". 
Para os portugueses, que tinham acabado de ver o ator Guilherme Fontes como o protagonista romântico Marcos Assunção em "Mulheres de Areia" foi algo chocante vê-lo depois encarnando um vilão tão maligno como o Alexandre. 

O papel de Diná fora inicialmente pensado para Regina Duarte, mas após a recusa desta, acabou para por ir parar a Christiane Torloni, que assim regressava às telenovelas brasileiras, após uns anos em que se refugiou em Portugal após a morte do seu filho Guilherme. (Nesse período, ela fez alguns trabalhos pontuais de apresentação para a SIC.) Reza a lenda que Torloni aceitou o papel por ter ficado com a ideia de que se tratava de uma personagem cómica. 

Dona Cininha


Outro papel marcante foi o de Andréa Beltrão como Lisa. Apesar de já ter então 31 anos e vir de um papel mais maduro em "Mulheres de Areia", a atriz foi bastante convincente no papel da jovem heroína romântica, e o guarda-roupa da personagem fez bastante sucesso por incluir várias tendências da moda de meados dos anos 90: colares choker, saias curtas com meias altas, tops conjugados com camisas.
Por outro lado, um Felipe Martins de 34 anos não convenceu praticamente como um jovem Tato de vinte e poucos anos, ainda para mais fazendo par com uma Fernanda Rodrigues de apenas 15. 
Outro elemento bem curioso que assinalava que estávamos nos loucos anos 90 era o facto da personagem de Nair Bello, a Dona Cininha, ser frequentemente vista envergando uma T-shirt com uma imagem de Madonna a chupar o dedo do meio!  

A banda sonora da telenovela também fez sucesso, nomeadamente com o tema de abertura da novela, também intitulado "A Viagem", interpretado pelos Roupa Nova e hits internacionais como "Linger" dos The Cranberries, "I Miss You" de Haddaway e "I'll Stand By You" dos Pretenders. 






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