Olhando agora para trás parece um pouco estranho dado o seu estatuto de megaestrela de Hollywood, mas em meados dos anos 90 a carreira de Julia Roberts não estava em muitos bons lençóis. Depois de uma ascensão fulgurante ao estrelato graças a filmes como "Flores de Aço", "Linha Mortal", "Dormindo Com O Inimigo" e sobretudo "Pretty Woman", depois de "Dossier Pelicano" que os seus filmes subsequentes oscilaram entre o sucesso modesto e o flop total ("A Escolha do Amor", "Adoro Sarilhos", "Mary Reilly", "Michael Collins", "Amor E Mentiras") e Roberts parecia estar a perder o fulgor que fizera com que o mundo se apaixonasse por ela. Ainda por cima, sua vida amorosa real (romances com Kiefer Sutherland e Jason Patric e um efémero casamento com Lyle Lovett) parecia suscitar mais interesse que os seus filmes.
Porém em 1997, Julia Roberts regressou à comédia romântica num filme que seria creditado como o ponto de viragem de regresso à boa forma e o fim deste período mais negativo da sua carreira. O filme é "O Casamento Do Meu Melhor Amigo", realizado por PJ Hogan.
Julianne Potter (Roberts) é uma crítica culinária que recebe uma chamada telefónica do seu grande amigo Michael O'Neal (Dermot Mulroney), um jornalista desportivo. Na Universidade, os dois tinham feito uma jura de se casarem quando ambos tivessem 28 anos caso não encontrassem mais ninguém com quem fazê-lo. É nesse momento que Julianne percebe que sente mais que amizade por Michael mas para grande decepção sua, Michael anuncia-lhe que se vai casar com Kimberly Wallace (Cameron Diaz), uma estudante universitária de 20 anos, filha de um magnata de Chicago.
Decidida a fazer Michael ver que ela é que é a pessoa ideal para ele, Julianne viaja para Chicago e enquanto finge simpatizar com Kimmy e cumprir as suas funções de dama de honor, vai criando várias tramóias para separar os noivos. Ela chega mesmo ao ponto de fazer o seu editor e amigo gay George Downes (Rupert Everett) passar por seu noivo para causar ciúmes em Michael. Mas os verdadeiros sarilhos acontecem quando Julianne revela a Michael que está apaixonada por ele na pior ocasião possível...
Mesmo sem um argumento brilhante, "O Casamento Do Meu Melhor Amigo" vale pelos vários momentos cómicos, realçados pela competência do elenco. Julia Roberts é exímia no papel da protagonista, com o espectador a acompanhar deliciosamente as suas vilanias e os seus tombos (alguns deles literais!), uma então ainda relativamente novata Cameron Diaz está muito bem no papel da jovem ingénua, Rupert Everett rouba as cenas em que entra naquele que continua a ser o seu papel mais famoso e até Carrie Preston e Rachel Griffiths dão um ar da sua graça como as espalhafatosas damas de honor Mandy e Samantha. O meu principal problema é com a personagem de Dermot Mulroney: se quando vi o filme pela primeira vez invejei o facto dele ser disputado por Julia Roberts e Cameron Diaz, quanto mais revejo o filme mais sou da opinião que a personagem dele é demasiado canastrona e não merecia ficar nem com uma nem com outra. Do elenco fazem ainda parte nomes como Susan Sullivan, Philip Bosco, M. Emmet Walsh e Christopher Kennedy Masterson.
O filme também gerou várias cenas icónicas como Kimmy a desafinar como gente grande num bar de karaoke, o confronto entre Kimmy e Julianne numa casa de banho com várias mulheres animadas a assistir e sobretudo a cena onde, a propósito da história que George inventa sobre como se "apaixonou" por Julianne, todos os convidados desatam a cantar "I Say A Little Prayer For You". Aliás, uma versão desse tema interpretada pela jamaicana Diana King foi o principal tema da banda sonora do filme.
Em 2016, "O Casamento do Meu Melhor Amigo" foi alvo de um remake chinês.
Trailer:
Diana King "I Say A Little Prayer For You"
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