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terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Top 5 Canções de Enya (Paulo Neto)

le Pól Garmhac / por Paulo Neto

Claro que toda a música pode ser ouvida em qualquer altura do ano, mas existem alguns músicos cujo repertório parece melhor sendo ouvido num particular período ou estação. E para mim, a música de Enya parece feita para ouvir no Inverno, embora ela até tenha algumas canções mais estivais (como por exemplo uma desta lista). Há algo de aconchegante na voz dela que me faz mais pensar em dias frios.


Eithne Pádraigín Ní Bhraonaín (na versão anglicizada, Enya Patricia Brennan) nasceu aos 17 dias de Maio de 1961 em Gweedore, no condado irlandês de Donegal. Ela começou no grupo Clannad, tal como membros da sua família, tocando teclados e fazendo coro. Em 1982, sob conselho do manager da banda Nicky Ryan, iniciou a sua carreira a solo, com Ryan encarregue da produção e a sua esposa Roma Ryan das letras. Enya desenvolveu então uma sonoridade única que mesclava música celta, música sacra e música clássica com um elemento de pop pela qual seria aclamada como a rainha da música new age. O seu álbum de estreia "Enya" saiu em 1987 (foi reeditado em 1992 sob o nome "The Celts") mas foi o segundo álbum "Watermark" de 1988 que a catapultou para fama mundial.
Desde então, Enya vendeu mais 75 milhões de discos em todo o mundo (em termos de cantores e grupos irlandeses, só os U2 venderam mais), venceu quatro Grammys e vários artistas citam-na como influência, até alguns nomes inesperados como Nicky Minaj

Como de costume, antes de apresentar o meu top 5, vou indicar algumas menções honrosas: "I Want Tomorrow" (1987, "Enya"), em cujo videoclip Enya aparece como uma espécie de cyborg, com uma peruca comprida, a deitar faíscas pelos olhos e a destruir um carro com um raio; "Book Of Days" (1992), da banda sonora do filme "Horizonte Longínquo"; "Boadicea" (1992, "The Celts"), que foi utilizado como sample em vários temas, nomeadamente em "Ready Or Not" dos Fugees; "Anywhere Is" (1995), o single que introduziu o álbum "The Memory Of Trees"; e "Orinoco Flow" (1988, Watermark), aquela que será talvez a canção mais emblemática, que já teve todo o tipo de versões e de paródias, como por exemplo o "Zé Luís Flow" de Nuno Markl, nos tempos da Caderneta de Cromos.    


N.º5 - Storms In Africa (1989, Watermark): A voz e a obra de Enya também pode nos transportar para paragens longe da Irlanda, como é o caso desta canção que, como o título indica, evoca África. O tema foi utilizado na banda sonora do filme "Casamento Por Conveniência" e em vários anúncios publicitários.   



N.º 4 - May It Be (2001,  Banda sonora: "O Senhor Dos Anéis - A Irmandade do Anel"): Quando Peter Jackson a convidou para escrever e interpretar o tema principal do primeiro filme da trilogia de "O Senhor dos Anéis", Enya ficou tão entusiasmada que até viajou para a Nova Zelândia para visionar algumas partes do filme que estavam a ser editadas. De volta à Irlanda, compôs "May It Be" uma vez mais sobre produção de Nicky Ryan e letra de Roma Ryan (que tem algumas partes em Quenya, a língua dos elfos no universo de JRR Tolkien). A parte orquestral foi assegurada por Howard Shore, o compositor da partitura do filme. "May It Be" valeu a Enya nomeações para o Óscar e Globo de Ouro de Melhor Canção Original e chegou ao primeiro lugar do top alemão no início de 2002.  





N.º 3 - Only Time (2000, A Day Without Rain): "Only Time" foi o single da apresentação do quinto álbum de originais "A Day Without Rain", que sucedeu ao primeiro álbum best of de Enya "Paint The Sky With Stars". Mas foi após o 11 de Setembro que o tema tornou-se verdadeiramente popular junto do grande público, já que várias estações televisivas pelo mundo fora utilizaram-no para ilustrar montagens dos atentados e do seu rescaldo. Antes disso, "Only Time" tinha sido utilizado na banda sonora do filme "Doce Novembro", em episódios de séries e na promoção à nova temporada de "Friends". O single foi então reeditado com uma remistura da Swiss American Foundation, com as receitas a reverterem para associações de apoios às famílias de bombeiros vitimados ou severamente afectados pelo 11 de Setembro. A reedição de "Only Time" foi número 1 no Canadá, Alemanha, Polónia e Suíça e o único single de Enya a chegar ao top 10 nos Estados Unidos. Desde então, o tema tem sido utilizado em várias meios, famosamente em 2013 num anúncio viral da Volvo com Jean-Claude Van Damme.   





N.º2 - Evening Falls (1988, Watermark): O single sucessor de "Orinico Flow", esta é uma canção de Enya que só ouvi pela primeira vez há cerca de dois anos. A letra é baseada numa história que Roma Ryan tinha ouvido sobre uma mulher que costumava sonhar que andava por uma casa na América e quando descobriu uma casa idêntica em Inglaterra, as pessoas que lá viviam ficaram chocadas ao vê-la pois ela parecia-se com um fantasma que andava assombrar a casa. E para mais, as noites dessas assombrações coincidiam com as noites em que a mulher sonhou com a casa! (E agora que penso nisso, uma vez sonhei que andava por um castelo na República Checa. Será que nessa noite andei a assombrar uns quantos checos?) "Evening Falls" foi uma das canções que mais ouvi durante a primeira vaga de confinamento devido à pandemia, talvez porque passei parte dela longe da minha família e por isso, versos como "Close to home feeling so far away" soavam-me muito pungentes. Entretanto, descobri uma versão eurodance do colectivo alemão Lightforce.






N.º 1 Caribbean Blue (1991, Shepherd Moons): E eis que a minha canção preferida de Enya não me transporta para uma paisagem verdejante da Irlanda ou um quadro invernal cheio de neve, mas sim para um lugar solarengo e de céu azul. Talvez não nas Caraíbas como alude o título, nem sequer neste mundo, mas que a audição me faz sentir uns raiozinhos de sol, lá isso faz. Talvez a Grécia já que a letra refere os quatro deuses gregos do vento. "Caribbean Blue" foi o single de apresentação do álbum "Shepherd Moons". Lembro-me de que a TVI chegou a exibir uma promo às "Marés Vivas" ao som deste tema, numa montagem de planos de atletas de saltos para a água intercalados com os das beldades do elenco a andarem pela praia em slow motion. Também gosto imenso do videoclip onde um rapazinho viaja pelas imagens de um livro. 




4 comentários:

  1. Uma deusa musical de divinal voz e composição.
    Ser-me-ia impossível escolher apenas cinco, dado o meu apreço por quase todas. Esta é uma lista das que diria favoritas e que estão numa playlist que uso a todo o momento e não canso de ouvir:
    Tea house moon
    Anywhere is
    Triad (st. Patrick, Cú Chulainn, Oisin)
    The Celts
    March of the Celts
    Orinoco flow
    Fairytale
    Caribbean blue
    Only if
    The memory of trees
    Athair ar Neamh
    Flora's secret
    Wild child
    Aniron (lord of the rings)
    Lothlórien

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  2. Apesar de estar bem esgalhado, o "Zé Luis flow" arruinou para mim o "Orinoko Flow", não consigo disassociar :)

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  3. Eu devia ter dito arruinou entre aspas :D
    Continuo a gostar, mas a versão que vem à cabeça primeiro é o Zé Luis

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  4. Adoro adoro mas tenho um top 5 algo diferente (sem ordem):
    Shepherd Moons
    The Memory of Trees
    Orinoco Flow
    Watermark
    Caribbean Blue

    E prefiro outra versão do Storms In Africa

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