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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O Duende Verde (1988)

por Paulo Neto 

Nos anos 80, o que faltava na programação televisiva infantil em meios, sobejava em imaginação e aqueles que foram crianças na altura tiveram o privilégio de assistir na RTP a ofertas bastantes criativas destinadas aos mais pequenos. E esta foi uma mais uma daquelas séries que por algum motivo ficaram-me na memória. 


"O Duende Verde" era um misto de série de ficção com programa educativo e era protagonizada por jovens actores, recrutados ao Teatro Infantil Papa-Léguas. A personagem-título, apesar de ser masculina, era interpretada por uma menina, Madalena Sousa Pinto. Os outros jovens actores principais eram Álvaro Sousa Pinto (Grão-Duende), Joana Filipe (Duendina) e Fernando Fonseca (Duende Sábio). Os diálogos eram da autoria da conhecida escritora Alice Vieira, sob argumento de Nelson Pinto e Nuno Delgado (respectivamente realizador e director de produção da série) e a música esteve a cargo de Fernando António Fonseca dos Santos. Os doze episódios da série foram originalmente exibidos aos sábados de manhã no espaço "Juventude e Família" entre 13 de Fevereiro e 12 de Abril de 1988, tendo sido reposta algumas vezes na RTP Memória e estando disponível no site de Arquivos da RTP.  

Mas vamos à história. Na Aldeia dos Duendes, habitada por seres anciões dotados de sabedoria, vive o Duende Verde. Na juventude e rebeldia dos seus 102 anos, este Duende aborrece-se na vida pachorrenta e rotineira do País dos Duendes e mata o tédio pregando partidas e perturbando a tranquilidade local. A sua melhor amiga, a Duendina, bem tenta chamá-lo à razão mas em vão. Para o animar (e conter os seus impulsos insubordinados), o Grão-Duende, o chefe da aldeia, decide levá-lo ao mundo dos humanos. Quando lá chegam, assistem a um grupo de crianças a jogar ao jogo da barra do lenço. O Duende Verde fica fascinado com o jogo cujas regras o Grão-Duende lhe explica, e logo decide fazer das suas, apoiando uma equipa e lançado feitiços para perturbar o jogo. 

A partir daí, em cada episódio, o Duende Verde aproveita cada ocasião para voltar aos humanos, a fim de conhecer mais jogos, ora sozinho, ora acompanhado pelo Grão-Duende ou pela Duendina. E volta e meia, apronta a sua encrenca, como por exemplo num dos episódios onde por acidente faz com que o Grão-Duende transporte com eles um miúdo humano. 

"O Duende Verde", para os seus parcos meios e dada a época, era uma série interessante, não só pela sua componente didática ensinado vários jogos infantis, como pela criação de um mundo fantástico dos duendes na Estufa Fria. 


O sempre imprescindível site "Brinca Brincando" refere ainda que um dos episódios contou com a presença do saudoso e então desconhecido actor João Ricardo, como o monitor que explica ao grupo de crianças o jogo da Defesa da Estaca.  



Mas o que nunca esqueci foi a canção do genérico:

Quero viajar para o mundo do Duende Verde
Quero ir brincar a esse jogo do Duende Verde
(Oooh) Encontrar (Oooh) amigos
E dançar com o Duende Verde   

No IMDB, além desta série, só consta mais uma outra entrada para Madalena Sousa Pinto, a da participação em "Suave Milagre", também de 1988, no papel de "Criança". Pelo que vi, tratar-se-ia de uma curta metragem que adaptava uma história de Eça de Queiroz, pelo mesmo realizador de "O Duende Verde", Nelson Pinto. Pergunto-me andará agora Madalena Sousa Pinto e imagino-a talvez a trabalhar num banco, que os colegas da agência nem sonham que ela foi protagonista de uma série infantil nos anos 80 e ocasionalmente, quando se deixa levar pelas asas da nostalgia, os seus pensamentos ainda a transportam para aquele mundo dos duendes que foi possível criar na Estufa Fria. 

Genérico:


Excerto do 1.º episódio:



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