por Paulo Neto
A SIC, Sociedade Independente de Comunicação, faz 25 anos, um quarto de século. E no entanto, para muitos como eu, parece que foi ontem. Ainda tenho bem presente algumas imagens e programas dos primórdios da SIC e assisti atentamente à ascensão fulgurante do canal de Pinto Balsemão no panorama audiovisual nacional nos anos 90, oferecendo a Portugal todo um admirável mundo novo de fazer televisão, diferente daquele a que o país estava habituado ao longo do monopólio de 35 anos da RTP, e respondendo a desejos do país tinha - ainda que aparentemente não soubesse que os acalentava - como por exemplo, os de programas onde o português comum era o protagonista.
Aos 25 anos, a SIC actual enfrenta vários problemas, desde a perda da liderança para a TVI que nunca mais conseguiu recuperar (ter deixado escapar o "Big Brother" para Queluz acabou por se revelar um erro fatal) às dificuldades gerais das televisões generalistas um pouco por todo o mundo face ao crescimento de outras plataformas audiovisuais, e os seus tempos áureos não só parecem distantes como até irreais. Mas para quem viveu intensamente esses tempos como espectador (ou não tivesse esse período coincidido com a minha puberdade e adolescência), essas memórias mantêm-se bem vivas.
Seja como for, desde que a SIC iniciou as suas emissões às 16 horas do dia 6 de Outubro de 1992, num bloco informativo apresentado por Alberta Marques Fernandes, mesmo sem um sucesso instantâneo (embora não tardaria a chegar), a estação foi logo dando alguns indícios aos portugueses que estavam perante um admirável mundo novo em televisão. E o primeiro sinal terá sido sem dúvida o genérico de abertura da emissão.
O genérico ultra-colorido em animação 3D foi criado por Hans Donner, o designer alemão radicado no Brasil que foi responsável pela maioria dos genéricos dos programas da Rede Globo nos anos 80 e 90 e ao longo dos dois minutos da sua duração, tocava o hino da SIC, com música de Zé da Ponte e letra de Carlos Paulo Simões, interpretado por quatro vozes que na altura cantavam tudo o que era jingle em Portugal: Nucha, Dulce Pontes, Tó Leal e Gustavo Sequeira.
Eis a letra:
Era Outubro, despertei
Era dia e gostei
Olhando à volta descobri
A íris de mil cores
Mais mil amores
E três odores
Que nunca conheci
Então gritei
Aconteceu
Aconteceu
Os segredos que sabemos
E as palavras escondidas
São promessas transformadas
São desejos desvendados
Não serei eu mas tu
A tua força, o teu acordar
Que vai dar lugar enfim
Ao vibrar de todos nós
Os segredos revelados
E as imagens coloridas
São realidades nossas
São vitórias conseguidas
Não serei eu mas tu
A tua garra, o teu despertar
Que vai dar lugar enfim
À SIC de todos nós
Não serei eu nem tu
Seremos nós
A sua televisão independente
SIC, SIC, SIC, SIC…
Três pontos altos para mim na cantiga: primeiro, Dulce Pontes (na altura já em vias de levar a sua carreira como cantora a outros níveis) com a sua voz inconfundível a explodir no verso "Então gritei!"; segundo, o riff da guitarra; terceiro, o final algo anticlimático mas nem por isso menos eficaz com a repetição em eco do nome do canal: SIC, SIC, SIC, SIC… (Só não percebo a parte dos "três odores que nunca conheci". Será que foi só para propósitos de rima e métrica?)
Versão instrumental:
Lembro-me de no Verão de 1993, esperar ansiosamente às quatro horas da tarde pelo início das emissões da SIC para ver os "Gladiadores Americanos" e outros programas e quando surgia o genérico, era aquela alegria até me lembro que por vezes até fazia uma coreografia ao som do hino da SIC. Enfim, outros tempos.
Este genérico foi emitido na abertura e no fecho das emissões da SIC até a estação começar a emitir continuamente 24 horas por dia (creio que em 2001).
Por ocasião do seu 25.º aniversário, a SIC regravou o seu hino interpretado pelas várias caras da estação e cantores revelados pelos concursos de talentos, com todos a aparecerem no videoclip.
ACTUALIZAÇÃO: No dia do seu 25.º aniversário, foi também apresentada uma nova versão do hino da SIC, interpretada por crianças.
ACTUALIZAÇÃO: No dia do seu 25.º aniversário, foi também apresentada uma nova versão do hino da SIC, interpretada por crianças.
Também nunca percebi a parte dos "3 odores" (parecia ouvir "3 horrores"). Talvez planeassem a Televisão a 5-D?
ResponderEliminarjulgo que os 3 odores que nunca conheci, é referente a Sic ser o 3 canal português (3 odores) e ser um canal novo e diferente (que nunca conheci)
ResponderEliminarFábio, é uma teoria que faz sentido! É realmente o 3º canal :)
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