Páginas

terça-feira, 21 de junho de 2016

Colectânea N.º 1 (1993)

por Paulo Neto

No ano passado, analisámos aqui todo o alinhamento da colectânea N.º 1, editada no Verão de 1995, que tinha na capa o simpático Fido Dido, a mascote da Seven Up. Aliás embora nem todos os volumes tivessem o boneco na capa, havia quem se referisse aos discos da série como "as colectâneas do Fido Dido". Era minha intenção, por alturas do Natal passado, fazer uma semelhante análise a este volume da série, até porque foi uma das primeiras cassetes que eu tive, mas não consegui encontrá-la na arrecadação. 
Porém, descobri recentemente na internet imagens da capa e do alinhamento do disco pelo que agora já é possível recordar através dele 27 das músicas que marcaram o ano de 1993. Esse foi o ano em que comecei realmente a interessar-me por música e por alargar os meus gostos a diversos géneros, em boa parte por ter sido nesse ano que descobri a MTV graças ao breve período em que a minha família foi proprietária de uma antena parabólica. Foi também a partir daí que comecei a prestar mais atenções às tabelas de vendas mundiais, nomeadamente a britânica, e a elaborar os meus primeiros tops pessoais em cada semana.
De tal forma, que quando no Natal desse ano saiu esta compilação que continha tantas das canções que eu ouvi e vi os respectivos videoclips, tornou-se logo o presente que eu mais desejava receber na minha quadra natalícia. Aliás, nem tive que esperar até ao Natal, já que o meu tio ofereceu-me a dupla cassete logo no início de Dezembro. 

Este era o quinto volume da série de colectâneas N.º 1, cujo primeiro volume foi editado dois anos antes. Até 1996, eram editados dois volumes da série por ano, um no início do Verão e outro por alturas do Natal, todos eles campeões de vendas e vários discos de platina. Estas colectâneas tinham a colaboração de várias editoras nacionais (Warner Music, Sony Music, BMG, EMI-Valentim de Carvalho). No caso deste volume, a edição esteve a cargo da Sony Music com a cooperação das restantes editoras.     




Anúncio publicitário ao disco:




CD 1
1. "What's Up?" 4 Non Blondes: E começamos com uma das canções que marcaram o ano de 1993, com o refrão "And I say hey, hey, hey! I say hey, what's goin' on?" a andar na boca de toda a gente. Os 4 Non Blondes formaram-se em 1989 em San Francisco e editaram apenas um único álbum "Bigger! Better! Faster! More!" em 1992. De acordo com a líder da banda Linda Perry (filha de pai português e mãe brasileira), o título "What's Up" foi usado para evitar confusões com o "What's Goin' On" de Marvin Gaye. A balada rock acabou por ser um sucesso mundial tendo chegado ao n.º 1 do top em vários países e o álbum foi n.º 1 em Portugal. Recordo-me também que até saber o nome dela, fiquei na dúvida sobre se a baixista Christa Millhouse era homem ou mulher. No auge da fama do grupo, correu o boato de que Linda Perry tinha morrido de overdose e até a cantora que a imitou nos "Chuva de Estrelas" mencionou isso, o que levou a SIC a passar uma nota de rodapé a desmentir essa declaração e afirmar que Perry estava viva. Após a dissolução dos 4 Non Blondes em 1994, Linda Perry editou um álbum a solo e notabilizou-se a compor hits para outros artistas, nomeadamente Pink e Christina Aguilera.   
2. "Cose Della Vita" Eros Ramazzotti: Já falámos aqui do período em que Eros Ramazzotti reinou nos tops e nas rádios portuguesas tal como o fazia na sua Itália natal (o mesmo sucedendo com a sua compatriota Laura Pausini), com o álbum "Tutte Storie" a somar milhares de cópias vendidas em Portugal. "Cose Della Vita" foi o mais famoso single do álbum, com o videoclip realizado por Spike Lee. Em 1998, Ramazzotti regravou o tema em dueto com Tina Turner. E por falar nela...
3. "I Don't Wanna Fight" Tina Turner: Também já falámos aqui do filme biográfico de Tina Turner de 1993, que tinha o mesmo título do seu mais conhecido hit "What's Love Got To Do With It". A banda sonora continha alguns dos conhecidos temas da Miss Hot Legs, mas também alguns temas inéditos, como este "I Don't Wanna Fight", escrito pela cantora Lulu e inicialmente oferecido a Sade Adu. Mas sem dúvida que a canção assentava a Tina Turner como uma luva, bem como ao final do filme. 
4. "Pray" Take That: Outra canção já aqui mencionada no blogue, por ter feito parte do meu top 5 de canções de boybands dos anos 90. O primeiro single do segundo álbum do quinteto de Manchester, "Pray" era um tema pop bem fresquinho, perfeito para os calores do Verão de 1993 e continua a ser a minha preferida dos Take That, o grupo que estabeleceu o molde para as boybands vindouras. Também gosto muito do videoclip, filmado no México e onde quatro membros representavam os elementos: terra (Robbie Williams), ar (Mark Owen), fogo (Jason Orange) e água (Howard Donald), com Gary Barlow a representar o ser humano.  
5. "Can't Help Falling In Love" UB40: a banda de "Red, Red Wine" obteve um inesperado êxito mundial nesse ano com esta versão pop-reggae de um dos mais emblemáticos temas de Elvis Presley, apresentando-o a toda uma nova geração. A versão dos UB40 também fez parte da banda sonora do filme "Sliver - Violação de Privacidade", com Sharon Stone e William Baldwin. 
6. "Runaway Train" Soul Asylum: Os Soul Asylum era outra banda que na altura vivia os seus 15 minutos de fama, graças ao tema "Runaway Train" que falava sobre jovens fugitivos e sobretudo o respectivo videoclip que tinha fotos de crianças e adolescentes desaparecidos, com o respectivo nome e data de desaparecimento. Várias versões do videoclip foram feitas em diversos países, incluído Portugal, com fotos de jovens desaparecidos no respectivo país (a versão portuguesa incluiu uma foto da jovem Ana Cristina, desaparecida nesse ano na Costa da Caparica e cujo corpo seria encontrado em 1995, tendo sido a única vítima mortal do Gangue do Multibanco). Segundo o realizador Tony Kaye, pelo menos 26 dos jovens desaparecidos que apareceram nas três versões americanas do videoclip foram encontrados. 
7. "Condemnation" Depeche Mode: os Depeche Mode foram provavelmente a banda dos anos 80 que teve a transição mais confortável para os anos 90, com a sua popularidade e qualidade de repertório ainda em alta. Pelo menos nesse aspecto, já que em meados da década, o vocalista Dave Gahan quase perdia a batalha contra os seus demónios e as tensões foram constantes no seio da banda. O álbum de 1993 "Songs Of Faith And Devotion", o último da banda enquanto quarteto com saída de Alan Wilder, mostrava uma sonoridade mais dark, com claras influências da cena alternativa e do grunge. Porém este "Condemnation" era como que uma excepção, já que era um tema quase acapella, onde predominava a voz de Gahan sobre um coro gospel. 
8. "Life" Haddaway: foi em 1993 que Nestor Alexander Haddaway, um tobaguenho radicado na Alemanha tornou-se o príncipe do euro-dance graças ao clássico do género "What Is Love" (de que já falámos) e a expectativa era alta para o single seguinte, que foi este "Life" que felizmente tinha todos os elementos do sucesso do seu predecessor
9. "Go West" Pet Shop Boys: sem dúvida o ponto alto dos Pet Shop Boys nos anos 90, a banda de "West End Girls" e "Domino Dancing" pegou no semi-obscuro hit dos Village People e transformou-o num esmagador hino electro-pop, que se ouviu em todo o lado das pistas de dança aos estádios de futebol. Confesso que ainda hoje me arrepio ao ouvir os coros no refrão final.  
10. "Otro Dia Mas Sin Verte" Jon Secada: depois de vários anos a fazer coro para Gloria Estefan, o cubano Jon Secada teve a oportunidade de brilhar como cantor principal, com o seu primeiro álbum em 1992, do qual gravou uma versão em inglês e outra em castelhano. Em Portugal, foi a versão em castelhano que teve mais sucesso, por isso é esta a versão do tema principal do álbum que foi incluído nesta compilação, ao passo que a versão em inglês, "Just Another Day", fez sucesso nos países fora da Península Ibérica e América Latina. Jon Secada viria a somar mais algum sucesso ao longo da década, tendo cantado na cerimónia de abertura do Mundial de Futebol de 1994, na banda sonora do filme "Pocahontas" e em 1997, actuou em Portugal nos Globos de Ouro.
11. "Mr. Vain" Culture Beat: Outro dos grandes sucessos euro-dance do ano de 1993. Os Culture Beat era um colectivo de produtores e compositores alemães mas cujas faces eram as da cantora britânica Tania Evans e do rapper americano Jeffrey "Jay Supreme" Carmichael. "Mr. Vain" foi o maior hit do grupo, atingido o primeiro lugar do top em 13 países e deixando no ouvido de todos o refrão: "Calling Mr. Raider, calling Mr. Wrong, calling Mr. Vain". Também nunca esqueci o videoclip que passava insistentemente na MTV, cuja minha parte preferida é aquela em que os figurantes desatam a comer fruta com a maior javardice possível. Infelizmente, ainda em Novembro de 1993, os Culture Club perderiam o seu membro fundador Thorsten Fenslau num acidente de viação, mas o grupo continuou por mais uns anos. O videoclip do single seguinte "Got To Get It" foi parcialmente filmado em Portugal e por cá, o tema de 1996 "Inside Out" teve algum sucesso. Em 2003, uma regravação de "Mr. Vain" intitulada "Mr. Vain Recall" teve algum êxito na Alemanha. Os Culture Club ainda editam música e actuam ao vivo ocasionalmente, desta vez com Jacky Sangster como vocalista residente.  
12. "Right Here" SWV: As SWV (Sister With Voices) formavam a santíssima trindade de grupos r&b femininos americanos do inícios dos anos 90, juntamente com as En Vogue e as TLC. O trio formado por Cheryl Gamble, Tamara Johnson e Leanne Lyons desde logo conheceu sucesso com o seu primeiro álbum, "It's About Time", que incluía este "Right Here", que continua a ser o hit mais famoso do grupo. Esta compilação continha a versão original, porém a versão mais famosa do tema é o "Human Nature Remix", que continha um sample de "Human Nature" de Michael Jackson e um breve solo de rap de um então muito jovem Pharrell Williams. As SWV continuam no activo, apesar de um interregno entre 1998 e 2005.   
13. "Forever In Love" Kenny G.: Kenneth Gorelick, mais conhecido como Kenny G., já era bem conhecido pelos seus temas instrumentais de saxofone multi-usos, que tanto serviam para bandas sonoras de filmes como para tocar em elevadores ou servir de música ambiente em salas de espera. Por exemplo na China, ainda é costume as lojas e até empresas tocarem o tema "Going Home" na hora de encerrar o expediente. Mas foi apenas com o seu álbum de "Breathless" de 1993 que Kenny G. tornou-se um campeão de vendas, com 12 milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos. Portugal também deixou-se convencer, chegando a disco de ouro. O tema principal do álbum era este "Forever In Love", que tornou-se outro tema emblemático do repertório de Kenny G., que no passado dia 5 de Junho completou 60 anos (já?) e que foi um dos investidores iniciais da empresa Starbucks.

CD 2
1. "Creep" Radiohead: Hoje visto como uma das canções mais marcantes da geração nineties, "Creep" foi o primeiro single dos Radiohead, ainda em 1992. A primeira edição passou despercebida no Reino Unido mas aos poucos o tema foi ganhando atenção noutros países, a começar em Israel até que se tornou um hit global e um hino de toda a teenage angst dos anos 90, catapultando os Radiohead para o estatuto de uma das maiores bandas do mundo. Nada mau para uma canção que, dizem eles, os membros da banda não gostavam por aí além. Aquele riff de guitarra antes do refrão continua a causar arrepios. 
2. "To Love Somebody" Michael Bolton: Admito, em meados dos anos 90, fui um grande fã de Michael Bolton. Não só por ser dono de um grande vozeirão como por razões indecifráveis, transmitia-me o seu quê de figura paternal. Tendo iniciado a sua carreira no heavy metal nos anos 70, Bolton alcançou o sucesso nos anos 90 quando trocou as guitarradas pela baladaria e pelas versões de temas dos anos 60 como "When A Man Loves A Woman" e "Sittin' In The Dock Of The Bay", o que sem dúvida inspirou o seu álbum de covers de 1992 "Timeless", do qual o tema de maior sucesso foi esta versão de "To Love Somebody", um original dos Bee Gees, que apresentou o tema à minha geração. No final de 1993, Bolton editaria o álbum "The One Thing" que teria particular sucesso em Portugal. 
3. "Tribal Dance" 2 Unlimited: No início de 1993, os 2 Unlimited, encabeçados pelos holandeses Anita Dels e Ray Slijngaard, somaram o seu maior hit até então como "No Limit" iniciando uma fase de enorme sucesso para o grupo com os temas do álbum "No Limits". "Tribal Dance" foi  segundo single e foi outro hit por toda a Europa. No Reino Unido, este foi o primeiro single dos 2 Unlimited onde o rap do Slijngaard não foi cortado na edição britânica, algo que tinha acontecido com os singles anteriores, já que a editora britânica do grupo não era fã dos seus raps. O videoclip também é um dos mais famosos ds 2 Unlimited com o seu cenário de selva e reproduzindo alguma da estética dos jogos de vídeo. Para mim, "Tribal Dance" ficou para sempre associado à escola de condução Santa Maria de Óbidos, já que o tema foi utilizado no anúncio da respectiva escola que passava nas rádios locais do Norte do Ribatejo.  
4. "O Baile" Sitiados: o principal defeito deste volume da série N.º 1 é a escassez de temas nacionais do seu alinhamento, apenas dois, quando até tinha três em espanhol. Para a banda que anos antes conquistou tudo e todos com o grande hit "Vida de Marinheiro", era tempo de segundo disco. Este "O Baile", que pegava emprestado em vários elementos do célebre "Bailinho da Madeira", esteve quase para ser também o título desse álbum, que acabou por se chamar "E Agora?", quiçá reflectindo as dúvidas dos Sitiados sobre o que fazer a seguir ao estrondoso sucesso do primeiro álbum. Dúvidas essas foram dissipadas com outro grande hit, "O Circo".  
5. "A Un Minuto De Ti" Mikel Erentxun: Em 1992, o espanhol nascido em Caracas Mikel Erentxun dava o seu primeiro passo numa carreira a solo, após o sucesso como parte dos Duncan Dhu no país vizinho ao longo dos anos 80. O seu primeiro álbum a solo, "Naufragios" acabou por ser um caso raro de sucesso também neste lado da Península, muito por culpa deste "A Un Minuto De Ti" (não deixa de ser bastante estranho como tão pouca música espanhola consegue passar para cá e muito menos música portuguesa atravessa o lado de lá da fronteira). Erentxun continua no activo (o seu último álbum é de 2010) mas nunca mais conseguiu repetir o sucesso de "A Un Minuto De Ti" por cá. 
6. "Cherish The Day" Sade: Em exactidão, Sade foi sempre na sua essência mais uns "eles" do que propriamente uma "ela", embora seja fácil confundir e pensar que o repertório do grupo liderado pela anglo-nigeriana Helen Folasade Adu é o de uma artista a solo, tal o seu domínio e o pouquíssimo destaque dado aos restantes membros da banda, alguns deles presentes desde o início do projecto. Este "Cherish The Day" era o single final do álbum de 1992 "Love Deluxe" e também marcaria o fim do período mais prolífico de Sade Adu e companhia, uma vez que desde então só editaram mais dois álbuns originais em 2000 e 2010.  
7. "Nuestros Nombres" Heroes Del Silencio: Mesmo cantando exclusivamente em castelhano, o grupo rock espanhol alcançou um inusitado sucesso em vários países europeus como Alemanha, Bélgica, Suíça e Jugoslávia, em grande parte devido ao hit de 1990 "Entre Dos Tierras". Por isso, o lançamento do álbum de 1993 "El Espiritu Del Vino" teve honras de lançamento à escala mundial, com o videoclip de "Nuestros Nombres" a passar frequentemente na MTV. O grupo lançou mais um álbum até à sua dissolução em 1996, com o carismático vocalista Enrique Bunbury a enveredar por uma carreira a solo. Os Heroes Del Silencio tiveram uma breve reunião em 2007 para um série de onze concertos em Espanha e alguns países da América Latina. 
8. "Everybody Hurts" R.E.M.: Se eu tivesse de escolher qual é o disco da minha vida, eu diria "Automatic For The People" dos R.E.M. Cada uma das suas faixas parece que toca profundamente em mim e apesar da morte ser um dos temas recorrentes do disco, ao mesmo tempo sinto tanta vida nessas canções. Vindos do sucesso do álbum "Out Of Time" que lhe transformou de ídolos da cena alternativa em campeões de vendas em todo o mundo, "Automatic For The People" conseguiu prolongar esse ponto alto da banda de Michael Stipe. Muito por culpa daquela que é a mais famosa e menos complexa faixa do álbum, "Everybody Hurts". Segundo o guitarrista Peter Buck, ao contrário das letras enigmáticas e metafóricas que são o apanágio da banda, a letra desta canção é atipicamente clara e directa para que a mensagem da canção chegasse facilmente a adolescentes. Tão inesquecível quanto a própria canção é o videoclip em que uma multidão de pessoas presas num engarrafamento começam a sair dos carros e a caminhar pela estrada sem mais.   
9. "Love Scenes" Beverley Craven: Depois do seu sucesso do seu álbum homónimo de estreia, que incluía o hit "Promise Me" que por cá foi muito cantado nos anos seguintes em programas como "Chuva De Estrelas" e "Cantigas Da Rua", a britânica Beverley Craven regressava aos discos após uma pausa para maternidade com o álbum "Love Scenes", do qual a faixa-título foi o primeiro single. O disco continha também uma versão de "The Winner Takes It All" dos ABBA. Beverley Craven continua no activo, ainda que só tenha editado mais três álbuns de originais desde então (o mais recente é de 2014), até porque em 2006 fez uma pausa na carreira para tratar um cancro da mama. Craven foi uma das convidadas musicais da primeira cerimónia dos Globos de Ouro da SIC em 1996. 
10. "Fora De Tempo" Luís Represas: Depois de quase década e meia com os Trovante, Luís Represas editava em 1993 o seu primeiro álbum a solo, originalmente intitulado "Represas", do qual este "Fora Do Tempo" foi o primeiro single. Do mesmo disco, saíram os hits "Neva Sobre A Marginal" e "Feiticeira". 
11. "Shock To The System" Billy Idol: O mais célebre punk oxigenado dos anos 80, Billy Idol tinha novas aspirações no dealbar dos anos 90: pretendia ser um "Cypberpunk", conforme o título do seu álbum de 1993. Como tal, foi um dos primeiros álbuns de um artista de topo a ser promovido amplamente na internet e nele, Idol abraçava sonoridades mais electrónicas e/ou alternativas, e nem faltou um piscar de olhos ao grunge. Este "Shock To The System" foi o primeiro single e pretendia dar uma no cravo e outro na ferradura: tanto fazia lembrar os seus temas dos anos 80 como mostrava as suas novas influências. 
12. "Housecall" Shabba Ranks featuring Maxi Priest: Esta era a única canção da colectânea que eu nunca tinha ouvido antes de ter a cassete e tive de ouvir de novo no YouTube para recordar como era. Isto apesar de reunir dois dos nomes mais consagrados da música jamaicana. Com a música dancehall a ganhar então grande popularidade na Europa, Rexton Gordon, mais conhecido como Shabba Ranks, viu alguns dos seus singles de 1991 re-editados com renovado sucesso, sobretudo "Mr. Loverman", cuja nova versão continha curiosamente um sample deste "Housecall", quando Maxi Priest diz "Shabba!".  
13. "Delicate" Terence Trent D'Arby featuring Des'Ree: O artista agora conhecido como Sananda Maitreya e a quem o meu tio Jorge chamava de "o Terence da Arábia" continuava em alta no início dos anos 90, com o álbum de 1993 "Terence Trent D'Arby's Symphony Or Damn" a ser bem recebido pelo público e pela crítica. O tema mais famoso do álbum era esta balada, em dueto com a então desconhecida cantora Des'Ree que viria fazer grande sucesso durante o resto da década de 90 com temas como "U Gotta B", "I'm Kissing You" e "Life". 
14. "I'd Do Anything For Love (But I Won't Do That)" Meat Loaf: E terminamos com chave de ouro com o hit mais gloriosamente épico do ano de 1993. 15 anos após o mega-clássico álbum "Bat Out Of Hell", Marvin Lee Aday, mais conhecido como Meat Loaf, e Jim Steinman voltavam a reunir forças para o segundo tomo, "Bat Out Of Hell 2: Back Into Hell". A grande canção do disco foi sem dúvida "I'd Do Anything For Love (But I Won't Do That)", a primeira faixa do álbum que na versão LP tem doze minutos. Aqui nesta compilação foi utilizada a versão do single de 7 minutos e 50 segundos. Todo um épico vagneriano cheio de drama, Meat Loaf canta que fará tudo por amor menos uma coisa, o "that" que a canção nunca explica claramente. (A minha teoria é a da parte da voz feminina quando ela prediz que "You'll see that it's time move on" e "You'll be screwing around", ao que Meat responde "I won't do that", que eu interpreto como ele a afirmar que não a vai deixar mesmo se achar que vai haver uma altura para seguir em frente e partir para outras). A misteriosa voz feminina simplesmente creditada como "Ms. Loud" foi identificada como sendo de Lorraine Crosby. Igualmente épico é o videoclip realizado por Michael Bay, um recontar de "A Bela E O Monstro" com Meat no papel de monstro e a modelo e actriz Dana Patrick como a Bela. Uma das razões pela qual Dana Patrick foi escolhida para o papel foi por ter experiência a fazer playback, como ela o fez no vídeo das partes cantadas por Crosby. Mas muita gente pensou que era mesmo ela a cantar e depois até recebeu várias propostas para um contrato discográfico. "I'd Do Anything For Love (But I Won't Do That)" foi n.º 1 em 28 países, foi o single mais vendido de 1993 no Reino Unido e ganhou o Grammy para Melhor Interpretação Rock Individual. 

Playlist com as 27 canções:




1 comentário:

  1. Ia jurar que essas imagens foram retiradas do meu "Avião de Papel".
    A ser verdade, seria motivo de orgulho.
    As boas memórias são para ser espalhadas :)

    ResponderEliminar