No passado dia 30 de Março, Céline Dion fez 48 anos. Certamente que este aniversário não foi dos mais alegres da sua vida uma vez que no início deste ano, a cantora perdeu no espaço de dias o seu marido René Angelil e um dos seus irmãos. Hoje em dia, Dion parece contentar-se com os seus espectáculos residentes em Las Vegas e em gravar o disco ocasional, mas nos anos 90 fez parte da santíssima trindade de divas baladeiras campeãs de vendas, juntamente com Mariah Carey e Whitney Houston. E sim, admito que fui um grande fã de Céline Dion nessa altura.
Entre os vários hits que a canadiana colheu ao longo dessa década, um dos meus preferidos é a faixa que abre o álbum de 1996 "Falling Into You", do qual eu tinha um exemplar, e que nessa versão estende-se por uns sete minutos e trinta e sete segundos (menos dois minutos na versão do single): "It's All Coming Back To Me Now", escrita por Jim Steinman, o Wagner do rock, autor de grandes épicos como "Total Eclipse Of The Heart" de Bonnie Tyler, "Nowhere Fast" do filme "Estrada de Fogo" e todo o lendário álbum "Bat Out Of Hell" de Meat Loaf.
Segundo Steinman o tema foi inspirado pela obra "O Monte Dos Vendavais" de Emily Bronte e aborda temas como o amor obsessivo e a ténue linha entre o amor e o ódio. Nas estrofes, o sujeito poético afirma que já ultrapassou esse amor mas no refrão confessa que basta um certo gesto para que todos esses sentimentos regressem em força.
A voz de Céline Dion corresponde à grandeza da composição e a sua versão foi um êxito comercial, chegando ao n.º 1 do top da Bélgica-Flandres, n.º 2 nos Estados Unidos, Canadá e Irlanda e n.º 3 no Reino Unido. Em alguns países, o lado B do single foi "The Power Of A Dream", o tema que Céline Dion cantou na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1996. Recentemente Ariana Grande interpretou este tema por entre as várias imitações que fez durante um sketch do "Saturday Night Live".
O videoclip foi filmado num castelo na República Checa e mostra Dion confrontada com imagens dos momentos passados com o seu amado, que ao início morre num acidente de moto. O vídeo foi comparado ao de "Un-break My Heart" de Toni Braxton, que saiu na mesma altura e também começava com o amásio da protagonista a perecer num desastre de moto.
O que muita gente não saberá é que a versão de Céline Dion de "It's All Coming Back To Me Now" era a segunda das três vidas desse tema. A primeira remonta a 1989, para o projecto Pandora's Box e o álbum conceptual "Original Sin". Querendo explorar o lado feminino das suas composições, Jim Steinman criou o projecto reunindo algumas das suas session singers preferidas para dar voz às faixas de "Original Sin". Para além de temas originais, o álbum continha algumas covers, como a de "Twentieth Century Fox" dos The Doors. Embora o disco tenha sido um fracasso comercial (excepto, Wikipedia dixit, na África do Sul), a maioria das canções seriam regravadas com maior ou menor notoriedade por outros artistas. A versão original de "It's All Coming Back To Me Now" foi interpretada por Elaine Caswell e foi o primeiro single do álbum, acompanhado de um vídeo soft-core realizado por Ken Russell. O outro single do álbum foi "Good Girls Go To Heaven (Bad Girls Go Everywhere)".
Um dos grandes fãs da canção era o habitual comparsa de Jim Steinman, Meat Loaf que sempre demonstrou vontade de gravar a canção. Porém Steinman estava hesitante por achar que a canção só ficava bem com uma voz feminina e por isso, não foi incluída no álbum de 1993 "Bat Out Of Hell 2", o tal que continha o igualmente épico "I'd Do Anything For Love (But I Won't Do That)".
Mas em 2006, para a gravação do terceiro volume da saga "Bat Out Of Hell", Meat Loaf levou a sua avante e gravou o dueto com a cantora norueguesa Marion Raven (que fez parte do duo M2M, cujo tema mais conhecido foi "Don't Say You Love Me", de 2000, da banda sonora do filme "Pokémon").
Qualquer estranheza que se possa ter ao ouvir um Meat de 59 anos e uma Marion de 22 a cantarem juntos de forma tão romântica é explicada no videoclip onde Marion faz do fantasma de um amor perdido da juventude do sr. Loaf.
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