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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Badaró (1933-2008)

por Paulo Neto

O panorama artístico português é tão reduzido que, volta e meia, Portugal vê-se a importar alguns artistas do Brasil. Por exemplo, na música, os casos mais célebres são os de Mara Abrantes, Simara e Iran Costa. E no humor, não houve brasileiro mais português que Manlio Hedair Badaró, que nasceu em São Paulo em 1933 mas que chamou lar ao nosso país desde 1957, quando veio a Portugal com o grupo de comédia "Fogo no Pandeiro".


Badaró acabaria por se radicar em Portugal e durante mais de duas décadas, foi presença assídua na rádio, televisão e teatro, tendo inclusivamente actuado nas então colónias da Guiné Bissau e Moçambique.

A minha primeira memória de Badaró foi em "Badarosíssimo", programa de comédia que tinha a honra de abrilhantar as noites de sábado da RTP1 em 1985 (actualmente em exibição na RTP Memória). Tratava-se de um programa de sketches, onde o assunto mais recorrente era a situação do nosso país (que, surprise, surprise, estava em crise). O elenco incluía também nomes sonantes como Fernanda Borsatti, Henriqueta Maia, Luís Mascarenhas, Carlos Quintas e um ainda jovem (e com muitos quilos a menos) Fernando Mendes. Cada episódio começava e terminava com uma rábula que juntava todo o elenco a dançar em palco, interrompendo-se para um dos actores contar uma curta piada.

  

Entre os sketches mais recorrentes, destaque para a coscuvilheira amiga da pinga, interpretada por Henriqueta Maia, que a cada golinho de tintol proferia a frase: "Não sei como há homens que gostam disto!", para o tema musical "Ó Abreu, dá cá o meu", que tinha uma variação diferente em cada episódio e que se tornou um bordão incontornável do nosso léxico popular e outro tema, o "Maestro da Charanga" onde encarnava um chefe de uma banda de bombeiros. Eis alguns excertos do programa neste vídeo (seguido de uma entrevista de 2006, onde Badaró fala abertamente dos seus diversos problemas de saúde com que debatia).




Em 1988, Badaró tornou-se de novo um herói da pequenada ao apresentar o programa "O Grande Pagode" no mítico espaço infantil da RTP dos fins-de-semana, co-apresentado por uma novíssima Ana Malhoa. Em "O Grande Pagode", Badaró recuperou a sua personagem mais mítica, o chinesinho Limpópó e ao famoso bordão "Eu ispirico e você só comprica!", juntou-se o "Tem tautau ou tem festinha?" que era como  Limpópó perguntava à assistência num segmento de perguntas e respostas se os participantes tinham respondido certo ou errado à pergunta. Infelizmente não há registos deste programa na net, mas eu lembro-me bem dele, inclusivamente de algumas canções do programa como "Ei, ei, ei, a Criança é um Rei!"



No entanto, depois de "O Grande Pagode", só muito esporadicamente Badaró apareceu na televisão, tendo feito o resto da carreira em espectáculos ao vivo um pouco por todo o país. Curiosamente, os seus dois momentos mais notórios nos anos 90 foram ambos como recording artist. Em 1994, fez uma versão dance-pop do tema de pagode "A Barata", originalmente gravado pelos Só Pra Contrariar.


E mais bizarro ainda, em 1997 gravou uma versão do tema do "Dragon Ball Z"!





Badaró faleceu a 1 de Novembro de 2008, aos 75 anos de idade, vítima de cancro de estômago.











4 comentários:

  1. Boas, queria perguntar se se lembra onde a musica do badaro "o abreu da ca o meu" que passava num programa em junho de 1996 que dava de manha, todas as manhas nao sei se era o badaro, mas eu lembrome sempre dessa musica passar nessas manhas de junho de 1996, nao sei se era na sic, se se lembra sabe qual era o programa matinal?
    obrigada, se responder fica aqui o meu email
    sgmidge_correia87@hotmail.com

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    1. Olá Sandro, obrigado pelo comentário. Sinceramente não consigo dar detalhes, mas também me é familiar o "Abreu Dá Cá O Meu" sem o Badaró, tenho impressão que usado como bordão de alguma espécie de rubrica tipo a crónica social ou criminal que as tvs têm hoje nos programas da manhã....
      Talvez o meu colega Paulo tenha alguma memória melhor disso...
      Cumprimentos,
      David Martins

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  2. Por acaso ninguém tem o video da cover do Dragon Ball que ele fez? O Videoclip, não apenas a música como está aqui...

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    1. Olá. De momento não consigo encontrar o video na Internet. Talvez reapareça algum dia.

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