por Paulo Neto
Como já falámos no texto sobre os "Apanhados" de Joaquim Letria na RTP, um desentendimento entre Letria e Manolo Bello, que organizava as situações a ser filmadas, resultou na ida deste para a SIC, pouco depois do fim da exibição do programa.
Assim sendo, entre os programas da nova grelha da rentrée de 1993 da SIC, estreou "Minas E Armadilhas". Tal como no programa "Apanhados", também havia várias situações em que apanhavam portugueses desprevenidos. Recordo-me que algumas delas até foram recicladas do programa da RTP como por exemplo a situação de alguém no clube de vídeo que decide pregar sermões a pessoas a quem o empregado da loja afirmava terem alugado filmes pornográficos, mas desta vez, em vez de Guilherme Leite, o "justiceiro da moral" era uma senhora de idade avançada. Aliás, lembro-me que essa senhora irritou tanto uma das vítimas, que também era idosa, que ripostou: "Já vi que você é Jeová!"
Mas a principal novidade é que o programa era conduzido em estúdio por Júlio César, com a presença de algumas das pessoas apanhadas que depois falavam na sua experiência e na partida que lhes fizeram. Lembro-me um caso de um homem apanhado numa situação em que uma jovem lhe pede para se fazer passar por namorado dela junto dos seus pais porque supostamente estes não gostavam do verdadeiro namorado dela, e durante a reunião familiar aparecia o tal verdadeiro namorado, e no caso desse jovem homem, apesar de tudo levou a farsa até às últimas dizendo diante todos que ele é que era o namorado, até que lhe por fim disseram que era tudo uma partida. Quando essa situação foi filmada, o jovem tinha farta cabeleira e barba mas em estúdio, lembro-me de achar que ele quase nem parecia o mesmo com o cabelo cortado e a barba feita.
O programa tinha ainda uma vertente de concurso, conduzido por Júlio César, onde dois dos apanhados jogavam um jogo de memória de pares para ganharem prémios monetários. Tal como no programa da RTP, Guilherme Leite participou em algumas das situações, mas por vezes acontecia que as pessoas já o reconhecessem dos "Apanhados". Nesta fase inicial também participaram nas situações Carla Andrino e Ildeberto Beirão, que mais tarde também entrariam noutros programas com Guilherme Leite como "O Café Do Surdo" e as primeiras temporadas dos "Malucos Do Riso".
Aliás, houve situação protagonizado por estes dois que para mim foi a mais inesquecível de "Minas E Armadilhas", porque envolvia indiretamente nada menos que o então Primeiro-Ministro Aníbal Cavaco Silva. Em Boliqueime, terra natal de Cavaco Silva, Carla Andrino fazia de transeunte que reparava num carro abandonado onde estava alguém trancado no porta-bagagens, tendo esse alguém uma voz muito semelhante à do então chefe do Governo e que dizia ser "o Aníbal, o filho do Teodoro" (aludindo ao verdadeiro pai de Cavaco Silva que ainda era residente na dita localidade algarvia)* e que fora raptado. Então vários cidadãos de Boliqueime se acercam do carro, ora preocupados em ajudar a pessoa trancada na porta-bagagens, ora curiosos para saberem se quem estava lá dentro era mesmo o Primeiro Ministro filho do Teodoro. A certa altura, existe alguém que ao acreditar que era mesmo ele, exclama algo que surge escrito em legenda no ecrã como: "É o Cavaco? Então que se f...". No final, era revelado que quem estava no porta-bagagens do carro era Ildeberto Beirão imitando a voz de Cavaco Silva.
* O que me leva a concluir que quase sempre na tua terra, por muito mais famoso ou importante que sejas, para os teus conterrâneos que te viram crescer, tu continuas a ser "o/a filho/a de"… Por exemplo, e embora não seja famoso nem coisa que se pareça, há muitos conterrâneos meus que podem não saber o meu nome mas sabem que eu sou "o filho do Rogério" ou "o filho da Maria João". Há até aqueles que pensam que eu é que tenho o nome do meu pai por ser o filho mais velho, quando na verdade foi o meu irmão que herdou o nome do nosso progenitor.
Ao longo das quatro temporadas, Júlio César teve várias parcerias à assisti-lo na condução do programa, começando pela célebre drag queen Belle Dominique e passando pela modelo e actriz soft-porn francesa Marlène Mourreau e pela patinadora Andreia Fernandes. Na assistência do programa era comum estarem presentes várias colectividades, como tunas académicas, ranchos folclóricos e bandas filarmónicas.
Programa completo (Fevereiro 1995):
Algumas situações:
A Andreia Fernandes, entretanto, faleceu já há uns bons anos, ainda bastante nova. Não me lembro qual a doença de que padecia, mas lembro-me de se falar que a morte dela estava envolta em algum mistério.
ResponderEliminarTentei "googlar" a notícia da morte dela, de modo a poder ter uma confirmação mais credível, mas nada encontrei. Vão ter que confiar na minha palavra. :)
Parece treta. Na realidade ela nem se chama Andreia Fernandes, nas sim Andreia Teixeira!
EliminarO nome da actriz ou pin-up francesa era Marlène Mourreau e não Marlène Moreau, ela também ficou conhecida em Espanha graças a programas como "Un, dos, tres" ou "El semáforo" (baseado num formato italiano chamado "La Corrida"), este último passou na TVE1 (vulgo La Primera) entre 1995 e 1997 e que era apresentado pelo saudoso Jordi Estadella além da Asunción Embuena (De facto, ela até foi convidada para fazer parte do júri espanhol no Festival da Eurovisão 1996 com fins promocionais) e a orquestra era dirigida pelo maestro José Antonio Quintano.
ResponderEliminarObrigado, já foi corrigido no texto.
EliminarA Banda da Sociedade Filarmónica União Matense, actuou no Minas e armadilhas em 92 ou 93, gostava de encontrar esse registo.
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