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sexta-feira, 5 de abril de 2019

A Lenda de Billie Jean (1985)

por Paulo Neto

Por vezes, em vez de procurar cromos para a Enciclopédia, são eles que me encontram. No outro dia estava a pesquisar pelo YouTube para ouvir uma canção de Pat Benatar quando os algorritmos me indicaram para outra canção dela que nunca tinha ouvido antes. A dita canção era "Invincible" e era o tema principal de um filme de que nunca tinha ouvido falar antes, "A Lenda de Billie Jean" de 1985.
Como eu tenho um fraco por filmes que gritam "ANOS 80!" por todos os poros, sobretudo de temática juvenil como "Reckless - Jovens Sem Rumos", "O Clube" ou "Fogo Com Fogo", quis saber mais sobre esse filme e felizmente que alguns uploads manhosos do filme estavam disponíveis do YouTube (incluindo dois dobrados em brasileiro).



Ao contrário do que o título possa indicar, "A Lenda de Billie Jean" não tem nada a ver com a canção de Michael Jackson nem com a célebre tenista Billie Jean King. Realizado por Matthew Robbins (que também realizou "O Milagre da Rua 8" de que já falei aqui), o filme tinha Helen Slater como a personagem-título, Christian Slater (sem parentesco com Helen, apesar de fazerem de irmãos no filme) no seu primeiro papel no cinema e Yeardley Smith num dos seus papéis mais notados antes de se imortalizar como a voz da Lisa Simpson. Não encontrei nenhuma data de estreia do filme em Portugal, pelo que por cá deve ter ido directamente para o mercado de vídeo.



Billie Jean Davy (Helen Slater) e o seu irmão Binx (Christian Slater) vivem na cidade texana de Corpus Christi com a sua mãe viúva (Mona Fultz). Durante um passeio de scooter, os dois irmãos são atacados pelo intratável Hubie Pyatt (Barry Tubb) e os seus esbirros. Binx enfrenta Hubie quando este assedia a irmã mas mais tarde o malvado vinga-se roubando e destruindo a scooter e enchendo Binx de porrada com a ajuda dos seus gunas.

Billie Jean apresenta uma queixa na polícia mas quando o tenente Larry Ringwald (Peter Coyote) desvaloriza o incidente, ela decide ir à loja do pai de Hubie (Richard Bradford) para que ele convença o filho a pagar o arranjo da mota. Mas sucede que Hubie tem bem a quem sair pois o Pyatt sénior também é um pérfido tarado que tenta violar Billie Jean. Binx e Ophelia (Martha Gehman), uma amiga dos irmãos que tem carro, chegam a tempo de concluir o que se passou e o rapaz pega numa arma na caixa registadora, atingindo o homem no ombro. Sabendo que serão incriminados por tentativa de assalto e que ninguém acreditaria neles, os dois irmãos tornam-se fugitivos acompanhados por Ophelia e outra amiga, Putter (Smith). Quando o tenente Ringwald percebe que devia ter ouvido Billie Jean, já é tarde demais. 




À medida que a fuga dos quatro jovens é acompanhada pela comunicação social por todo o Texas, Billie Jean torna-se um ídolo da juventude local pela sua coragem em desafiar o poder dos adultos e ela e os seus amigos vão sendo ajudados por vários jovens que encontram pelo caminho. Um deles é Lloyd Muldaur (Keith Gordon) o excêntrico e negligenciado filho de um governante local (Dean Stockwell) que os acolhe em sua casa. Ao ver um filme sobre Joana D'Arc, Billie Jean fica inspirada para gravar um vídeo no qual anuncia que se irá entregar se Pyatt lhe pedir desculpas e der o dinheiro para o arranjo da mota, não sem antes cortar o cabelo tal como a lendária mártir francesa. Mas à medida que a situação fica cada vez mais incontrolável e perigosa, a jovem sabe que só lhe resta confrontar Pyatt. 


Tal como outros filmes do género dos anos 80, "A Lenda de Billie Jean" pode não ser nada que se aproxime uma obra-prima e ter várias fragilidades ao nível do argumento e realização mas cumpre plenamente a sua função de entreter e também tem o forte efeito "cápsula do tempo". Todo o elenco tem desempenhos sólidos, nomeadamente Helen Slater que consegue facilmente navegar por entre todas as facetas da sua personagem, da rapariga doce e simpática à heroína badass.
O filme já foi editado em DVD e Blue-Ray com comentários de Helen Slater e Yeardley Smith. Aí Slater refere que teve de usar uma peruca para a regravação de algumas cenas em que a personagem ainda tinha o cabelo comprido e Smith revela que por aos vinte anos estar a fazer uma personagem de catorze (que inclusivamente tem a primeira menstruação), teve de usar faixas à volta do peito, que ficou com o urso que Putter trazia sempre consigo e que a bofetada que a actriz que fazia de sua mãe lhe deu no filme foi a sério e deixou-lhe a cara dorida o resto do dia. 

No ano anterior, Helen Slater protagonizou a adaptação de "Supergirl" que foi um dos flops desse ano, pelo que "A Lenda de Billie Jean" ajudou a que sua carreira não tivesse ido logo para o esgoto, tendo depois entrado em filmes conhecidos como "Por Favor Matem A Minha Mulher", "O Segredo do Meu Sucesso" e "A Vida, O Amor e As Vacas". Anos mais tarde, regressaria ao universo da DC Comics com participações nas séries "Smallville" e "Supergirl". 

Como referi ao princípio, outro elemento marcante do filme era o tema "Invincible" de Pat Benatar, lançado antes da estreia do filme e com um videoclip que era basicamente um trailer do filme - uma técnica de marketing cinematográfico que na altura ainda era relativamente recente. A banda sonora também inclui, entre outros, temas de Billy Idol e dos The Divinyls. Curiosamente em concerto, antes de cantar "Invincible", Benatar costuma referir (crê-se que sarcasticamente) que é o tema do "pior filme de sempre". 

Trailer:


Pat Benatar "Invincible"


"Invincible" vídeo fanmade com cenas do filme


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