Cyndi Lauper é sem dúvida uma das cantoras mais icónicas dos anos 80 e mesmo sem nunca mais se aproximar do auge da fama que teve nessa década, onde chegou a andar taco-a-taco em níveis de popularidade com Madonna, continua a ter uma carreira bem activa na música, para além de algumas incursões na representação e no activismo de várias causas que defende como os direitos da comunidade LGBT. É daquelas cantoras que, mesmo sem o êxito de outrora, toda a gente gosta de saber que ainda anda por aí a cantar e muitos artistas da actualidade citam-na como influência. Eu tenho o seu álbum de 2008, "Bring Ya To The Brink" e tenho imensa pena que este disco não tenho sido um renascimento para Lauper como "Believe" foi para Cher.
Para este top 5 restringi-me à discografia da carreira de Cyndi Lauper no século XX, mas mesmo assim tive de deixar algumas canções na categoria de menção honrosa: "The Goonies R Good Enough" (1985), "True Colours" (1986), "The World Is Stone" (1992), "Sally's Pigeons" (1993), "I'm Gonna Be Strong" (1994) e "You Don't Know" (1996). Também não vou incluir o "We Are The World", embora as partes que ela canta sejam uma das minhas favoritas de toda a canção.
Primeiro single do seu terceiro álbum "A Night To Remember", "I Drove All Night" foi o último grande hit de Cyndi Lauper nos Estados Unidos, recebendo uma nomeação para um Grammy. Escrita pela dupla Billy Steinberg e Tom Kelly, a mesma que lhe compôs "True Colours", o tema foi originalmente gravado por Roy Orbinson em 1987 mas a sua versão só seria editada em single postumamente em 1992 (com um vídeo protagonizado por Jason Priestley e Jennifer Connelly).
No vídeo, Lauper surgia com uma imagem mais polida, abandonando as roupas espampanantes e os cabelos de cores garridas, mas mantendo alguns elementos que eram a sua imagem de marca como os seus movimentos espalhafatosos a dançar. Outra versão bastante conhecida é aquela gravada por Céline Dion em 2003, num registo dance-pop.
O segundo single do álbum "True Colours" contava com umas convidadas bem conhecidas, as Bangles, que gravaram os coros para este "Change Of Heart", onde Cyndi Lauper canta a possibilidade de que uma amizade se torne algo mais a alguém que hesita em dar esse passo. O videoclip foi filmado na Praça Trafalgar em Londres, mas apesar disso "Change Of Heart" não fez muito sucesso em terras britânicas; em contra-partida, foi um dos seus singles mais bem-sucedidos em França. O tema continua a ser um favorito dos fãs, pelo que Lauper canta-o frequentemente nos seus concertos numa versão acústica.
Os anos 80 popularizaram uma mão cheia de canções sobre... o amor solitário ("Turning Japanese", "Dancing With Myself", "Shock The Monkey") e Cyndi Lauper adicionou uma perspectiva feminina a esse rol com "She Bop", um dos singles do icónico álbum "She's So Unusual". Apesar as alusões a masturbação serem facilmente perceptíveis e de até ter sido incluído na lista das quinze canções mais condenáveis pela comissão PMRC liderado por Tipper Gore, o tema passou nas rádios sem grandes censuras. O respectivo videoclip é um dos mais emblemáticos da cantora nova-iorquina com participações especiais dos wrestlers Lou Albano e Wendy Richter (na altura, Lauper era presença regular em eventos da WWF), um cenário em que um restaurante de fast food transforma pessoas em clones zombie e uma sequência em animação. Anos mais tarde, Cyndi Lauper revelou que gravou esta canção em topless e que os risos que se ouvem resultaram de cócegas auto-infligidas.
2 "Time After Time" (1984)
Indubitavelmente uma das grandes referências na baladaria dos anos 80, "Time After Time" foi uma das últimas canções a serem escritas para o álbum "She's So Unusual". A editora inicialmente queria que este fosse o primeiro single mas Lauper opôs-se, não querendo que a sua primeira imagem junto do público fosse a de uma cantora romântica. Segundo ela, a ideia para o título surgiu-lhe enquanto folheava uma revista de televisão e deparou-se com o filme de ficção científica de 1979 "Time After Time" (título em Portugal "Os Passageiros do Tempo").
A canção foi escrita por Cyndi Lauper em parceria com Rob Hyman dos The Hooters, que também providenciou a voz masculina que se ouve no refrão. O videoclip contava com a participação da sua mãe Cathy, do seu irmão Butch e David Wolff, então seu namorado e manager. Tanto a escrita da canção como as lágrimas reais de Cyndi no final videoclip resultaram das dificuldades da sua relação com Wolff, que terminou em 1988. (Lauper encontraria a felicidade conjugal pouco tempo depois junto do actor David Thornton, com quem é casada desde 1991 e de quem tem um filho).
"Time After Time" foi n.º 1 nos Estados Unidos e no Canadá e é a canção de Lauper mais versionada por outros artistas, como por exemplo Miles Davis, INOJ, Novaspace, Everything But The Girl, Willie Nelson, Eva Cassidy e Anna Kendrick.
Sem surpresas, a canção de Cyndi Lauper que ocupa o n.º 1 na minha lista é aquela que é sem dúvida a sua canção-assinatura. Mas sabiam que aquele que é tido como um dos grandes hinos femininas da música pop é uma versão e foi inicialmente gravada por um homem?
Robert Hazard escreveu "Girls Just Wanna Have Fun" (reza a lenda que a ideia surgiu-lhe quando estava numa banheira) e gravou-a num estilo punk-rock em 1979. Nesta versão, o ponto de vista é masculino e a "diversão" que as raparigas querem era um tempo bem passado no quarto dele. Por causa disso, Cyndi Lauper estava renitente em gravar uma versão até que ela e o produtor Rick Chertoff tiveram a ideia de, com alguns retoques na letra, convertê-la num hino feminista, com Lauper a cantar a plenos pulmões que as mulheres têm tanto ou mais direito à diversão que os homens. Certos do sucesso que o tema teria, Lauper e David Wolff convenceram a editora a lançar "Girls Just Wanna Have Fun" como o primeiro single em vez de "Time After Time" e a opção resultou, tendo sido n.º 1 na Austrália, Irlanda, Noruega e Nova Zelândia e n.º 2 nos Estados Unidos e no Reino Unido e nomeado para dois Grammys. O respectivo videoclip, vencedor de um Grammy e de um Prémio MTV, é igualmente lendário, com Cyndi Lauper a conduzir um grupo de raparigas que se transforma numa multidão para uma festa privada no seu quarto, para desespero dos seus pais (novamente Lou Albano e Catrine Dominique, a mãe de Cyndi). A roupa que ela usa no vídeo era de Screaming Mimi's uma loja de roupa vintage onde trabalhou antes de assinar o contracto discográfico.
Em 1994, Cyndi Lauper regravou a canção num estilo reggae sob o título "Hey Now (Girls Just Wanna Have Fun)" para promover o seu álbum best of "Twelve Deadly Cyns". O tema foi ainda versionado por mais de trinta artistas e foi usado em inúmeros filmes e programas de televisão.
Bónus: "Into The Nightlife" (2008)
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