Na semana em que decorre em Lisboa o Festival da Eurovisão deste ano (nem acredito que finalmente está a acontecer!), nada como recuar mais uma vez até uma edição anterior, desta vez a de há 20 anos.
Em virtude da quinta vitória do Reino Unido no ano anterior, o 43.º Festival da Eurovisão realizou-se a 9 de Maio 1998 na cidade inglesa de Birmingham no National Indoor Arena, com apresentação de Terry Wogan e Ulrica Jonsson. Rui Unas fez os comentários para a RTP e Lúcia Moniz foi a porta-voz dos votos de Portugal.
Na altura, a participação de um país no Festival estava dependente da média dos resultados nas últimas cinco edições, sendo que aqueles com coeficiente mais baixos teriam de ficar um ano de fora. Foi devido aos bons resultados em anos anteriores (sobretudo os top 10 de 1993, 1994 e 1996) que Portugal participou neste ano apesar de ter ficado em último lugar em 1997 com zero pontos. A mesma sorte não tiveram Áustria, Bósnia-Herzegovina, Dinamarca, Islândia e Rússia que tiveram de ficar de fora este ano. A Itália, quarta classificada no ano anterior, também não regressou. Em contrapartida, cinco países ausentes no ano transacto - Bélgica, Eslováquia, Finlândia, Israel e Roménia - puderam regressar este ano e a Macedónia participou pela primeira vez.
Esta edição marcou como que um ponto de viragem na história do certame, já que foi o último ano em que uma orquestra foi utilizada e em que se aplicou a regra da obrigatoriedade dos países cantarem nas suas línguas nacionais. Depois de uma experiência em quatro países no ano anterior, este foi o primeiro ano em que os votos da maioria dos países foram decididos por televoto.
Os postcards que antecediam cada actuação eram bastante interessantes, recriando cenas da vida britânica no passado e no presente ao som de conhecidos temas da britpop, terminando com a bandeira de cada país a surgir de uma maneira diferente. No de Portugal, vemos uma escola do início do século XX a dar lugar a uma escola moderna de 1998 onde os alunos fazem a bandeira portuguesa a partir de um arranjo com papel colorido, tudo isto ao som de "The Beautiful Ones" dos Suede.
Este Festival foi também marcado por algumas controvérsias e gaffes. Por exemplo o compositor da canção da Grécia foi bastante crítico dos planos da realização britânica, os ensaios da Turquia faziam a canção exceder os três minutos obrigatórios, a apresentadora Ulrica Jonsson fez um comentário sobre a porta-voz da Holanda Conny Van Den Bos (esta disse que já tinha participado no Festival ao que Jonsson respondeu: "Deve ter sido há muito tempo "e foi apupada pela assistência presente no local, embora Van Den Bos tenha confirmado que de facto tinha sido há muito tempo, em 1965). Mas claro que a grande história desta edição foi sem dúvida a cantora que acabou por ganhar.
Porém vamos por partes e analisar as 25 canções concorrentes, como é hábito, pela ordem inversa da classificação.
Gunvor (Suíça) |
É sempre triste quando um país não leva nem sequer um pontito para a amostra e foi o que nesse ano aconteceu à Suíça. Gunvor Guggisberg cantou "Lass ihn" ("deixa-o") acompanhada ao violino por Egon Egemann que representara o país oito anos antes. Na canção, Gunvor aconselhava uma amiga a deixar de vez o namorado mulherengo. A meu ver, a canção helvética (que foi a última até agora cantada em alemão que a Suíça trouxe ao certame) não merecia de todo tão nefasto resultado. Gunvor lançou mais alguns singles e um álbum em 2000, mas segundo a Wikipedia, em 2014 foi presa por furto e fraude fiscal.
Marie-Line (França) |
O 24.º e penúltimo lugar com somente três pontos foi até então o pior resultado da França, país até então mais habituado aos lugares cimeiros. E também acho que o resultado foi algo injusto para o tema afro-reggae "Où aller" ("para onde ir") interpretado por Marie-Line, naquele que foi o seu único momento notório como solista principal. Depois do Festival, Marie-Line retomou o seu trabalho como cantora de coro para outros artistas e compositora.
Charlie (Hungria) |
Quatro pontos deram à Hungria o 23.º lugar com "A holnap már nem lasz szomorú" ("a tristeza acaba amanhã") por Karoly Horvath, mais conhecido por Charlie. Este veterano do rock magiar tinha iniciado uma carreira a solo em 1994 marcada pelos blues e essas sonoridades estavam bem patentes na canção que levou a Birmingham. Depois desta participação, a Hungria só voltaria à Eurovisão em 2005. (Aliás a desistência da Hungria, a par da Letónia ter optado por só se estrear no certame em 2000, permitiu a Portugal participar em 1999).
A Roménia tinha-se estreado na Eurovisão em 1994, mas tendo sido afastada da pré-eliminatória de 1996 (tal como em 1993), esta foi apenas a segunda participação deste país. Malina Olinescu cantou a romântica balada "Eu cred" ("eu acredito") que ficou em 22.º lugar com seis pontos, dados por Israel. Infelizmente, Malina cometeu suicídio em 2011, aos 37 anos, ao que parece devido a um desgosto amoroso.
Katarina Hasprová (Eslováquia) |
A terceira participação da Eslováquia fez-se na voz de Katarina Hasprová, que interpretou "Modlitba" ("oração"). O primeiro país a votar, Croácia, deu oito pontos mas mais nenhum pontuou a canção eslovaca, ficando assim em 21.º lugar. Tal como a Hungria, após este ano, a Eslováquia fez um hiato na participação na Eurovisão, apenas regressando em 2009. Filha de pais ligados ao mundo do espectáculo, Katarina Hasprová dedica-se actualmente ao teatro musical.
Thalassa (Grécia) |
Os 12 pontos da nação-irmã de Chipre foram apenas aqueles conseguidos pela canção da Grécia, que se fazia representar com a canção "Mia krifi evesthisia" ("uma sensibilidade escondida") interpretada pelo grupo Thalassa, cuja vocalista era Dionysia Karoki. Houve uma controvérsia por Yannis Valvis, o compositor da canção, descontente com a forma como a actuação estava a ser filmada nos ensaios, ter atitudes agressivas. Por causa disso, o grupo esteve quase a desistir mas acabou por decidir continuar a sua participação sem a presença de Valvis. Os Thalassa separaram-se após a participação eurovisiva e actualmente, Dionysia Karoki é professora de música.
Vlado Janevski (Macedónia) |
A Antiga República Jugoslava da Macedónia (assim denominada na Eurovisão - e não só - para evitar confusões com a região grega da Macedónia e as tensões socio-culturais entre os dois países) quis estrear-se em 1996, mas a sua canção não passou na pré-eliminatória e assim só em 1998 é que este país pôde finalmente fazer a sua estreia num palco eurovisivo. Vlado Janevski foi então o primeiro representante deste país, que cantou "Ne Zori, Zoro" ("não amanheças, manhã"), obtendo o 19.º lugar com 16 pontos.
Vili Resnik (Eslovénia) |
Um lugar acima e com mais um ponto ficou a Eslovénia, com Vili Resnik a cantar a balada "Naj bogovi slisjo" ("que os deuses ouçam"). Uma das cantoras do coro era Karmen Stavec, que seria a representante deste país em 2003.
Sixteen (Polónia) |
Por seu turno, a Polónia fez-se representar pelo grupo Sixteen, cuja vocalista era Renata Dabkowska, com a canção "To takie proste" ("É tão fácil"). Tratava-se de um tema pop-rock com alguns recortes de música celta que valeu às cores polacas o 17.º lugar com 19 pontos.
O basco Mikel Herzog foi o representante da Espanha, com um look que parecia uma antevisão de como seria o Harry Potter à beira dos quarenta anos. A Birmingham levou a balada "Que voy a hacer sin ti" que ficou em 16.º lugar com 21 pontos. Nos anos 80, Herzog integrou a formação das bandas Cadillac e La Decada Prodigiosa mas não durante o período em que estas foram à Eurovisão (1986 e 1988 respectivamente). Mikel Herzog participou na primeira edição de "Operación Triunfo" com o director da pós-academia que continuava a formação dos concorrentes eliminados.
Edea (Finlândia) |
Havia quem apontasse a canção new-age da Finlândia como uma das favoritas, mas ficou-se apenas pelo 15.º lugar com 22 pontos. "Aava" do grupo Edea, cuja vocalista principal era Marika Krook, detém ainda hoje o recorde como a canção com menos palavras na letra, somente seis, até porque a frase "aava maa avara" ("paisagem aberta e extensa") era repetida dez vezes ao longo da canção.
Tüzmen (Turquia) |
Apesar de nos ensaios, a actuação da Turquia ter tido problemas em cumprir a regra dos três minutos de duração, durante a actuação ao vivo tudo correu dentro dos parâmetros requeridos. Tarkan Tüzmen defendeu a balada "Unutamazsin" ("não podes esquecer"), que tinha o dramatismo de um tema de musical tipo "Fantasma de Ópera". Tüzmen lançou dois álbuns em 1996 e 2003, curiosamente intitulados "T1" e "T2" mas é mais conhecido sobretudo por esta participação na Eurovisão (que valeu à Turquia o 14.º lugar com 25 pontos) e por ser irmão de um ex-ministro do seu país.
Koit Toome (Estónia) |
Originalmente, Chipre, Estónia e Portugal ficaram empatados em 11.º lugar com 37 pontos, mas mais tarde veio-se a saber que a Espanha tinha comunicado incorrectamente os seus votos, omitindo que os seus 12 pontos eram para a Alemanha. Mas após descoberto o erro, foi deduzido um ponto a Portugal e Estónia que ficaram então ambos em 12.º lugar com 36 pontos.
A Estónia fez-se representar por Koit Toome, então com 19 anos, cantando ao piano "Mere lapsed" ("meninos do mar") que agradou sobretudo aos finlandeses que lhe deram 12 pontos. A partir daí, Koit tornou-se um dos cantores mais populares no seu país. Em 2017, regressou à Eurovisão em dueto com Laura Polvedere (sendo portanto um dos adversários dos nosso Salvador Sobral) mas apesar do tema "Verona" ser um fan favourite, não passou à final.
O grupo Alma Lusa foi o representante de Portugal. Este colectivo foi criado propositadamente para a participação no Festival da Canção de 1998, que acabou por ganhar com a pontuação máxima graças ao tema "Se eu te pudesse abraçar"). Os dois membros mais notórios eram Inês Santos (famosa por ter ganho a segunda edição do "Chuva de Estrelas" imitando Sinead O'Connor) e José Cid (que assim regressava à Eurovisão dezoito anos depois do seu "Adio adieu") sendo os outros componentes Pedro Soares (gaita de foles), Carlos Jesus (guitarra portuguesa), Carlos Ferreirinha (cavaquinho) e Henrique Lopes (adufe). Com tantos instrumentos tradicionais portugueses, era de facto um tema étnico cheio de alma lusa que bem podia ser tema da Expo 98. José Cid gravou também uma versão desta canção para a banda sonora da telenovela "Terra Mãe".
Michalis Hatzgiannis (Chipre) |
Como já foi referido, Chipre ficou em 11.º lugar, com um total de 37 pontos. O seu representante foi Michalis Hatzgiannis (que para esta participação viu o seu nome convertido para Michael Hajiyanni), então com 19 anos que cantou o épico tema "Genesis", que é uma das minhas canções cipriota favoritas na Eurovisão. Hatzgiannis tornou-se nos mais tarde um dos cantores mais populares de língua grega, com enorme popularidade tanto em Chipre como na Grécia.
Jill Johnson (Suécia) |
A morte da princesa Diana em Agosto de 1997 ainda estava bem presente na memória dos europeus, daí que não havia de estranhar que houvesse uma canção dedicada a ela, que foi a da Suécia. Jill Johnson cantou "Kärleken är" ("o amor é"), uma emotiva balada que conquistou 53 pontos que lhe valeu o 10.º lugar. A sua participação no Festival abriu caminho a uma bem-sucedida carreira de Johnson no seu país. Ela tentou regressar à Eurovisão em 2003 mas ficou em quarto lugar na final sueca.
Dawn Martin (Irlanda) |
A Irlanda foi o país mais bem-sucedido na Eurovisão nos anos 90, com quatro vitórias e dois segundos lugares. Desta vez ficou-se por um respeitável nono lugar com 64 anos com o tema "Is Always Over Now" interpretado por Dawn Martin. Esta foi acompanhada em palco por um coro que incluía Paul Harrington, um dos membros do dueto que vencera em 1994.
Lars Fredriksen (Noruega) |
A canção da Noruega teve a particularidade de ter ganho na sua final nacional com a versão em inglês mas como ainda vigorava a regra de obrigatoriedade da língua nacional (que seria removida para o ano seguinte), foi a versão em norueguês que teve de ser apresentada para a Eurovisão. Lars Fredriksen cantou "Altiid Sommer" ("sempre Verão") e obteve o nono lugar com 79 pontos. Um dos cantores do coro, Havard Grytting, voltaria a fazer coro na Eurovisão em mais cinco canções norueguesas.
Guildo Horn (Alemanha) |
A Alemanha apresentou aquela que de longe foi a actuação mais louca da noite. Se o tema "Guildo hat euch Liebe" ("O Guildo ama-te") de Guildo Horn & Die Orthopadischen Strumpfe já era por si só bastante, digamos, surpreendente, em Birmingham Horn não parou quieto durante a actuação, desde subir a um poste de iluminação até descer à assistência, passando por um solo de chocalhos. No final, Rui Unas comentou: "Se isto é o que a Alemanha tinha de melhor, nem quero saber o que ficou de fora." (Eu só não concordo completamente com o Unas porque entretanto ouvi algumas canções da final alemã de 1998 que conseguiam ser piores.) Aliás a escolha de Guildo Horn para representante germânico tinha sido criticado pela imprensa do seu país, mas o factor choque acabou por resultar já que, após a adição dos 12 pontos que os votos de Espanha tinham omitido, ficou em sétimo lugar com 86 pontos e ajudou a renovar o interesse da Eurovisão na Alemanha. O autor da canção, o comediante Stefan Raab, participaria ele próprio no Festival em 2000 com um tema do mesmo estilo.
Mélanie Cohl (Bélgica) |
A Bélgica obteve um honroso sexto lugar com 122 pontos. Com 16 anos, Mélanie Cohl era a mais nova cantora em competição mas interpretou o tema "Dis oui" ("diz sim") com bastante segurança. Nesse ano, Mélanie participou na versão francesa do filme "Mulan" da Disney, cantando o tema da personagem principal. Em 2005, deixou a vida artística para se dedicar à família tendo tido dois filhos em 2013, participou no The Voice da Bélgica.
Danijela (Croácia) |
A Croácia foi o primeiro país a actuar e abriu em beleza com o épico e étnico tema "Neka mi ne svane" ("que o sol nunca nasça") interpretado por Danijela Martinovic, que já tinha representado a Croácia em 1995 com o grupo Magazin. O ponto alto da actuação foi quando Danijela deixou cair a capa preta que trazia revelando o vestido branco. Ficou em 5.º lugar com 122 pontos.
Edislia (Holanda) |
Em 1997, a holandesa Edsilia Rambley venceu a final europeia do Chuva de Estrelas com a sua imitação de Oleta Adams e no ano seguinte, representou o seu país na Eurovisão com o tema "Hemel en aarde" ("Céu e terra"), um tema pop r&b bem ao som da época. Com 150 pontos e o 4.º lugar, foi o melhor resultado da Holanda desde a sua última vitória em 1975. Edsilia voltou a representa os Países Baixos na Eurovisão em 2007 com o tema "On top of the world", mas não passou da semifinal.
Este foi mais um ano em que a votação foi bastante renhida e o pódio só foi decidido na última votação. Antes do último país, a Macedónia, revelar os seus votos, Israel e Malta estavam empatados no primeiro lugar e o Reino Unido a nove pontos. Mas o televoto macedónio deu 8 pontos a Israel, 10 ao Reino Unido e...nenhum a Malta, que se viu assim baixar do primeiro para terceiro lugar no sprint final com 165 pontos. Chiara Siracusa foi a representante maltesa cantando "The one that I love". Esta seria a primeira de três participações de Chiara na Eurovisão, regressando em 2005 (onde foi segunda, igualando o melhor resultado de sempre de Malta) e em 2009 (onde se qualificou para a final mas ficou-se aí pelo 22.º lugar).
Imaani (Reino Unido) |
Foi neste ano que o Reino Unido alargou o seu recorde como o país com mais segundos lugares, obtendo um décimo quinto (e até agora último) título de vice-campeão. Imaani Saleem interpretou o tema house-pop "Where are you?" (pessoalmente o meu favorito deste ano) que obteve 166 pontos.
Desde então, Imaani tem colaborado em vários projectos de jazz e de música de dança, mas só em 2014 é que editou um álbum em nome próprio.
Dana International (Israel) |
No ano do 50.º aniversário do estado, Israel obteve a sua terceira vitória no Festival da Eurovisão com 172 pontos (12 de Portugal), graças ao tema dance-pop "Diva". Mas se a canção por si só já era material vencedor, o grande furor foi o facto de a sua intérprete Sharon Cohen, mais conhecida pelo seu stagename Dana International, ser a primeira intérprete transgénero a participar na Eurovisão. Nascida com o sexo masculino, em 1993 Cohen tornou-se um indivíduo do sexo feminino após uma operação de mudança de sexo realizada em Londres. Uma popular figura da comunidade LGBT de Telaviv e já com uma assinalável carreira de popstar no seu país, Dana International foi escolhida directamente pela televisão israelita para ser a representante da nação, uma escolha que indignou os sectores mais conservadores da sociedade israelita, sobretudo a comunidade judia mais ortodoxa e a cantora chegou a Birmingham rodeada de um grande dispositivo de segurança. No entanto, nada de grave aconteceu e a sua vitória foi bem-recebida em Israel e "Diva" (que exaltava mulheres poderosas como Cleópatra e a deusa Afrodite) foi um hit em toda a Europa.
No Festival do ano seguinte, Dana protagonizou um momento caricato ao cair em palco quando ia a entregar o troféu à interprete vencedora desse ano. Tal como os representantes da Holanda e Estónia, Dana International teve um regresso infeliz à Eurovisão, não passando da semifinal quando representou novamente Israel em 2011 com o tema "Ding Dong". Foi também coautora da canção israelita de 2008.
O triunfo de Dana International no Festival da Eurovisão em 1998 é particularmente notável se tivermos em conta que na altura, não havia quase nenhuma visibilidade junto do grande público relativamente a pessoas transgénero e a questão da transsexualidade era abordada sobretudo de forma circense e/ou à laia da chacota (antes da actuação israelita, Rui Unas não resistiu a martelar uma piada: "Boa sorte para ela...ou para ele."). Aliás terá sido por isso que Dana optou por usar um convencional vestido prateado para a sua actuação e vestir apenas o exuberante vestido de penas de pássaros de Jean-Paul Gaultier que envergara nos ensaios para a reprise vitoriosa.
Ainda assim, muitos apontam este acontecimento como o primeiro grande marco rumo à aceitação e integração de pessoas transgénero no mundo.
Todos os postcards do Festival da Eurovisão de 1998
Excertos da transmissão da RTP do Festival da Eurovisão 1998:
Atenção, a Conchita Wurst não nem de perto nem de longe um transsexual. É simplesmente um rapaz, Thomas Neuwirth, que decidiu criar este personagem enquanto drag queen. Convêm não confundir de todo estes conceitos.
ResponderEliminarApenas adiciono duas sobre 1998:
a) o "coming out" da Eurovisão;
b) o fim da "Eurovisão enquanto verdadeiro concurso musical, para mim.
Mas isto levaria horas a explicar. E numa semana como esta anda tudo ao rubro com a Beyoncé chipriota ou com a Galinha Israelita, que ninguém tem tempo para mais nada.
Se o Nuno reparar, para definir Conchita Wurst eu utilizei o termo "personalidade transgénero" e não "pessoa transsexual", uma vez que se trata de uma personagem e o termo transgénero engloba não só as pessoas que fizeram a transição anatómica para outro sexo (esses sim transsexuais como Dana International) mas também aquelas que não fazendo essa transição cirúrgica assumem uma personalidade (permanente ou temporária) do genéro que não aquele a que pertencem anatomicamente ou de género indefinido.
EliminarSim, essa outra discussão dava pano para muitas mangas.