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sexta-feira, 20 de abril de 2018

Cocktail (1988)

por Paulo Neto

Houve um tempo em que Tom Cruise foi um Midas em Hollywood. A partir de "Top Gun", parecia que qualquer filme onde ele entrasse era êxito de bilheteira garantido. Em 1988, Cruise entrou em dois dos maiores sucessos cinematográficos desse ano, convencendo a crítica no oscarizado "Rain Man - Encontro de Irmãos" e perpetuando a aura de galã em "Cocktail", uma tragicomédia romântica realizada por Roger Donaldson, explorando o "boom" da cultura da vida nocturna nos anos 80 onde a profissão de bartender (hoje com o pomposo termo "mixologista") ganhou um glamour nunca antes visto. O filme era inspirado no romance semiautobiográfico de Heywood Gould, que assinou o argumento, mas o guião sofreu várias alterações, sobretudo depois da aquisição pela Disney e do interesse de Cruise no projecto.



O jovem Brian Flanagan (Cruise) é um jovem ambicioso que se muda para Nova Iorque para estudar gestão, sonhando tornar-se um grande empresário. Para pagar os estudos, arranja emprego num bar em Nova Iorque. Após um início atribulado, Brian acaba por aprender todos os truques ensinados pelo seu mentor Doug Coughlin (Bryan Brown), desde as misturas para os cocktails até aos malabarismos com os shakers. As performances conjuntas de Brian e Doug tornam-se bastante populares e os dois planeiam abrir o seu próprio bar. Mas quando Brian se envolve com Coral (Gina Gershon), uma cliente regular, Doug teme que isso seja o fim da parceria de ambos e sabota a relação, o que acaba por terminar a amizade dos dois.



Anos mais tarde, Brian trabalha num bar na Jamaica onde conhece e se apaixona por Jordan Mooney (Elisabeth Shue), uma jovem que sonha em ser artista sem o apoio dos pais ricos. Entretanto, também reencontra Doug, agora casado com Kerry (Kelly Lynch), uma mulher abastada. Doug desafia Brian a engatar Bonnie (Lisa Banes), uma mulher rica e mais velha, o que lhe custa o namoro com Jordan. Brian regressa a Nova Iorque com Bonnie, mas rapidamente farta-se da vida de homem sustentado e decide reconquistar Jordan, de quem vem a saber que está grávida dele. Mas será uma tragédia com Doug que o fará mudar.

Apesar das críticas negativas e dos prémios Razzie para Pior Filme e Pior Argumento, "Cocktail" foi um êxito de bilheteira, sendo o nono filme mais rentável nos Estados Unidos em 1988 (estreou em Portugal em Fevereiro de 1989), estendendo posteriormente o sucesso aos alugueres em vídeo. E sim, este foi mais um dos filmes que eu vi na "Sessão da Noite" da RTP. 
A banda sonora esteve para ser composta pelo lendário Maurice Jarre, mas à ultima da hora a escolha recaiu sobre J. Peter Robinson e duas das canções incluídas tornaram-se hits nesse ano: "Don't Worry Be Happy" de Bobby McFerrin e "Kokomo" dos The Beach Boys, que assim voltavam à ribalta mais de vinte anos depois do seu auge.




Para terminar duas curiosidades:

- No livro "American Psycho" de Bret Easton Ellis, existe uma cena em que o protagonista Patrick Bateman encontra Tom Cruise e fala-lhe neste filme a que ele chama de "Bartender", ao que Cruise corrige dizendo que o filme se chama "Cocktail".
- As cenas idílicas de Tom Cruise e Elisabeth Shue aos beijos numa magnífica catarata na Jamaica não foram nada idílicas de se filmar pois as águas eram tão geladas que os dois ficaram doentes. 


Trailer:


"Kokomo" Beach Boys
  

 

  

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