É bom saber que existem vários cantores que fizeram sucesso nos anos 80 não foram tragados pelo vortex da obscuridade e que, mesmo longe do auge do sua fama, continuam a ter uma carreira bem activa na música, editando discos e dando concertos um pouco por todo o mundo, para gáudio nostálgico dos mais velhos e para a descoberta dos mais novos.
Um desses casos é o de Kim Wilde, que aliás acaba de editar um novo álbum "Here Come The Aliens", o seu primeiro em cinco anos. Nascida Kim Smith a 18 de Novembro de 1960, adoptou o apelido artístico do seu pai, o cantor Marty Wilde quando iniciou a carreira em 1980, tornando-se a artista feminina britânica que mais discos vendeu nessa década. Ao longo de quase quatro décadas de carreira, Wilde vendeu mais de 10 milhões de álbuns e 20 milhões de singles em todo o mundo. Desde 1998, em simultâneo com a música, Kim Wilde tem tido uma carreira paralela na jardinagem, tendo editado alguns livros sobre jardinagem e arquitectura paisagística.
Apesar de não fazer parte da santíssima trindade das minhas cantoras preferidas durante os "meus" anos 80 (Madonna, Tina Turner e Belinda Carlisle), era uma das cantoras que mais eu gostava de ouvir nessa altura, sobretudo por causa das canções que figuram no 1.º e 2.º lugar desta lista. E sem dúvida que Kim Wilde era uma das cantoras mais atraentes dos anos 80, não recusando umas esporádicas mostras de sensualidade sem porém cair na agressividade de Madonna ou na pespinice de Samantha Fox.
Como é hábito, houve várias canções que tiveram de ficar de fora desta lista e eu queria referia seis menções honrosas: Chequered Love (1981), The Second Time (1984), Say You Really Want Me (1987), Never Trust A Stranger (1988), Love Is Holy (1992) e Breakin' Away (1995).
#5 Cambodia (1981)
Escrita pelo seu pai Marty Wilde e o seu irmão Ricky, "Cambodia" foi o primeiro single de Kim extraído do seu segundo álbum "Select", marcando uma mudança de sonoridade face aos sons "new wave" do seu álbum de estreia.
Aludindo à Operação Menu, onde o Cambodja foi bombardeado pelas forças norte-americanas durante a Guerra do Vietname, através do ponto de vista da esposa de um soldado da força aérea, "Cambodia" conjuga um instrumental synth-pop com alguma percussão oriental. A parte mais famosa é sem dúvida o solo de sintetitzador que parece emitir um cântico asiático.
Apesar de se ter ficado pelo n.º 12 do top britânico "Cambodia" teve particular sucesso na Europa Continental, tendo mesmo chegado ao n.º1 na Suécia e na Suíça.
Consta que em 2009, quando Kim Wilde actuou no Pavilhão Atlântico num festival de antigas estrelas dos anos 80 (onde também estiveram nomes como Belinda Carlisle, Rick Astley e Nik Kershaw), ela comoveu-se quando a assistência entoou em uníssono os "oooh" do coro.
#4 If I Can't Have You (1993)
Esta é a única canção do meu top 5 de Kim Wilde que foi lançada na década de 90 e um das duas na lista que são covers. No entanto, em ambos os casos, eu na altura não conhecia as versões originais pelo que foram estas covers de Kim Wilde o meu primeiro contacto com essas canções.
"If I Can't Have You" foi uma das canções compostas pelos Bee Gees para o filme "Febre de Sábado À Noite" e embora estes tenham gravado uma versão própria para o lado B de "Stayin' Alive", a versão que foi incluída no filme foi aquela interpretada por Yvonne Elliman (famosamente a Maria Madalena do filme "Jesus Cristo Superstar") que foi n.º 1 nos Estados Unidos.
A versão de Kim Wilde, condimentada com uma batida house, foi um dos dois temas inéditos do seu álbum best of, "The Singles Collection 1981-1993", e foi o seu último single a chegar ao top 20 britânico. Destaque para o videoclip que segue a arreigada storyline "mulher sozinha num apartamento dá em maluca com tanta solidão e desata a partir tudo".
#3 Kids In America (1981)
Impressionado pela voz de Kim numa demo do seu irmão Ricky (e pela sua beleza), o produtor e dono da editora RAK Records Mickie Most, revelou interesse em trabalhar com ela. O clã Wilde agarrou a oportunidade, deitou mãos à obra e nesse mesmo dia, compuseram "Kids In America" na sala de estar da casa da família com um sintetizador WASP. Most gostou da canção e deu os retoques finais na mistura e em Janeiro de 1981, a canção foi o primeiro single de Kim Wilde, então com 20 anos, e o sucesso não se fez esperar, chegando ao n.º2 do top britânico e n.º1 na Finlândia e na África do Sul e até ao top 30 nos Estados Unidos, numa altura onde ainda era relativamente raro cantores britânicos terem sucesso imediato. O tema foi incluído no filme "Reckless - Jovens Sem Rumo" com Aidan Quinn e Daryl Hannah e no jogo "Grand Theft Auto: Vice City".
"Kids In America" já foi versionado imensas vezes por nomes como The Muffs (cuja versão foi incluída no filme "Clueless"), Bloodhound Gang, Dave Grohl, Jonas Brothers e Electric Six, além de que a própria Kim Wilde regravou o tema em 1994 para um álbum de remisturas e em 2006.
#2 You Keep Me Hangin' On (1986)
"Kids In America" pode ser a canção mais emblemática de Kim Wilde, mas a sua versão de "You Keep Me Hangin' On" é capaz de ser o seu maior sucesso comercial, tendo sido n.º 1 nos Estados Unidos e na Austrália, n.º 2 no Reino Unido, Suíça e Irlanda.
Originalmente gravado pelas Supremes em 1966, a versão de Wilde de "You Keep Me Hangin' On" foi a primeira amostra do seu quinto álbum "Another Step". Kim e o seu irmão Ricky Wilde não estavam muito familiarizados com o original, pelo que decidiram tratar esta cover como se fosse uma música nova.
E de facto, ao converter o clássico da Motown num poderoso tema Hi-NRG quase parece uma canção diferente, mas sem contudo perder a força, até porque a interpretação de Kim Wilde reflecte bem o espírito da letra que fala sobre uma paixão que não há meio de atar ou desatar. O respectivo videoclip que mostra Kim num cenário escuro no meio de um vendaval com uma silhueta masculina ao fundo reforça ainda mais essa atmosfera instável.
#1 You Came (1988)
Depois de "Kids In America" e "You Keep Me Hangin' On", poucos discordarão que a terceira canção mais famosa de Kim Wilde é "You Came" do seu sexto álbum "Close", editado enquanto abria a parte europeia da digressão "Bad" de Michael Jackson no Verão de 1988 (o videoclip mostra aliás imagens dos bastidores digressão). No entanto para mim, é indubitavelmente a minha canção n.º1 de Kim Wilde.
"You Came" (não, nada de fazer trocadilhos sexuais com o título!) é para mim daquelas canções que me trazem um sorriso logo às primeiras notas, daquelas canções que fazem o sol brilhar mais e o céu ficar mais azul e trinta anos mais tarde, ainda adoro ouvir tanto como na altura.
Aliás lembro-me que comprei uma colectânea de músicas dos anos 80 só por ter esta canção incluída bem como meia-dúzia de outras que eu queria ter no leitor de mp3 como por exemplo "Together In Electric Dreams".
"You Came" foi mais outro grande hit internacional para Kim Wilde, nomeadamente chegando ao n.º 1 na Dinamarca. Em 2006, Kim Wilde gravou uma nova versão com uns arranjos mais rock para o álbum "Never Say Never" que continha várias regravações dos seus êxitos e essa nova versão teve algum sucesso em países como a Alemanha.
Eu estive quase, quase, quase a incluir também esta canção na minha lista, mas achei que não era elegível não só porque Kim Wilde é a artista convidada como também porque basicamente esta é sobretudo uma canção de Nena. A colaboração entre estes dois ícones dos eighties, "Any Place, Anywhere, Anytime", editada em 2003, é uma regravação de "Irgendwie, Irgendwo, Irgendwann", a canção mais famosa de Nena, à parte aquela dos balões vermelhos. Mas fica a menção e o vídeo:
"Pop Don't Stop" (novo single 2018)
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