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terça-feira, 27 de setembro de 2016

As Palavras Que Nunca Te Direi (1999)

por Paulo Neto

Goste-se ou não, o certo é que as adaptações cinematográficas dos romances de Nicholas Sparks são hoje em dia praticamente um subgénero. Quando o popularíssimo autor americano publica um livro é quase certo que já está na forja a adaptação em filme, se é que não saem os dois ao mesmo tempo. O simples facto de haver tantos livros de Sparks a receberem o tratamento hollywoodesco não deixa de ser surpreendente, sobretudo quando outros grandes nomes do género da literatura romântica como Danielle Steel ou Nora Roberts só tiveram direito a que as suas obras fossem adaptadas para uns quantos telefilmes algo desenxabidos.
Claro que a grande referência das adaptações cinematográficas de obras de Nicholas Sparks é "O Diário da Nossa Paixão" de 2004, que foi o terceiro filme a adaptar um livro do autor e que acabou por ser um marco do género "filme com uma história de amor para chorar baba e ranho", sendo para a primeira década deste século aquilo que "Titanic" foi nos anos 90 e "Love Story" nos anos 70. 





Porém a primeira adaptação de um livro de Nicholas Sparks aconteceu em 1999 com "As Palavras Que Nunca Te Direi" ("Message In A Bottle" no original), filme realizado por Luis Mandoki com Kevin Costner, Robin Wright (que na altura usava também o apelido de casada Penn do então marido Sean) e Paul Newman nos principais papéis. Em Portugal, a estreia do filme coincidiu com a publicação do livro, que rapidamente tornou-se campeão de vendas. Foi também o primeiro livro que li do autor e a primeira adaptação em filme que eu vi, aliás a única que vi no cinema, em Coimbra, onde estudava na altura.



Theresa Osbourne (Wright) é uma jornalista divorciada que vive em Chicago com o filho. Um dia, ao correr na praia, descobre uma garrafa na areia contendo uma carta de amor dedicada a Catherine. Fascinada pelas palavras escritas naquela carta, Theresa decide investigar sobre quem será o autor da carta e chegam-lhe às mãos mais duas cartas escritas pelo mesmo autor, encontradas também numa garrafa noutras praias. Através de várias pistas, Theresa descobre que o autor das cartas é Garrett Blake (Costner), dono de um negócio de venda de materiais de mergulho e aluguer de barcos, que vive na Carolina do Norte. 



Chegada aos Outer Banks, Theresa conhece Garrett e cria logo empatia com ele e com o pai deste, Dodge (Newman) que vive perto do filho. Ela fica também a saber que Garrett continua com bastante dificuldade para ultrapassar a morte de Catherine, a sua esposa. Mas aos poucos, Garrett e Theresa vão se aproximando e nasce uma nova paixão. 



Entretanto a história de Theresa sobre as cartas de amor em garrafas é publicada sem mencionar nomes no jornal onde trabalha. Garrett descobre tudo durante uma visita a Theresa a Chicago quando descobre as suas três cartas em casa dela. Indignado, vai-se embora deixando Theresa inconsolável. 
E antes que os dois possam dar uma segunda oportunidade ao amor, a tragédia acontece…



Mesmo sem críticas muito favoráveis, "As Palavras Que Eu Te Direi" obteve algum sucesso junto do público e foi o primeiro êxito assinalável de Kevin Costner desde "O Guarda-Costas", depois de somar vários flops como "Wyatt Earp", "Waterworld" e "O Mensageiro". Não sendo brilhante, é um filme que cumpre bem aquilo que pretende e como seria de esperar, o grande Paul Newman rouba todas as cenas em que entra. Do elenco, fizeram ainda parte Illeana Douglas, Robbie Coltrane, Tom Aldredge e Hayden Panettiere, sendo também o último filme da actriz Bethel Leslie, no papel de sogra de Garrett, que faleceu ainda esse ano. 



E sem dúvida que o êxito de "As Palavras Que Nunca Te Direi" deu para convencer os produtores de Hollywood que as obras de Nicholas Sparks eram bem propícias para serem adaptadas ao grande ecrã. (Aliás em homenagem à produtora Denise DiNovi, que muito lutara pela adaptação de "As Palavras Que Nunca Te Direi", Sparks deu o seu nome à protagonista do livro "Corações Em Silêncio", curiosamente um dos seus poucos livros que ainda não foram adaptados para filme.) Em 2002, ainda antes do estrondoso sucesso de "O Diário da Nossa Paixão", outro livro de Sparks foi adaptado para filme, curiosamente o único caso em que o livro de Sparks ("Um Momento Inesquecível") e o respectivo filme ("Um Amor Para Recordar") tiveram títulos diferentes em Portugal.   

        

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