Ao longo da sua história, os Jogos Olímpicos sempre foram o palco preferencial para consagrar os maiores atletas do Mundo. No entanto, para a esmagadora maioria dos atletas o simples facto de competirem nuns Jogos Olímpicos já é uma grande conquista. Mas com as atenções dos media focadas no evento ao longo desses dezasseis dias, de vez em quando surgem casos de atletas que se fizeram notar e celebrizar não pelos seus grandes feitos, mas pelo inverso.
Entre os exemplos mais célebres, temos a equipa jamaicana de bobsled que competiu nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988 e inspirou o filme "Jamaica Abaixo De Zero", o saltador de esqui britânico Eddie Edwards cujo insucesso nos mesmos Jogos valeu-lhe a irónica alcunha de "Eddie The Eagle" e a suíça Gabriela Andersen-Schiess cuja imagem a completar a última volta no extremo limite da exaustão marcou a primeira maratona olímpica feminina em Los Angeles 1984.
Em 2000, a cidade australiana de Sydney esmerou-se para organizar uns Jogos Olímpicos exemplares onde participaram mais de 10 mil atletas de 199 países. Quatro atletas de Timor-Leste participaram sobre a bandeira olímpica. O triatlo, o taekwondo e os trampolins estrearam-se como modalidades olímpicas e pela primeira vez houve provas femininas de halterofilismo, pentatlo moderno, salto à vara e lançamento do martelo. Portugal conquistou duas medalhas de bronze: Nuno Delgado no judo e Fernanda Ribeiro nos 10000m. E quis o destino que tivesse sido na natação, um dos desportos mais populares da Austrália, que surgiu um dos mais célebres cromos olímpicos, na pessoa de Eric Moussambani.
Em prol da universalidade e da possibilidade de todos os países do mundo poderem competir nos Jogos Olímpicos, existe a iniciativa de atribuir wildcards a certos países em modalidades onde essas nações não têm grande expressão. A Guiné Equatorial foi um dos países que recebeu um wildcard para que dois atletas seus, um homem e uma mulher, competissem em Sydney nas provas de natação. Uma prova de selecção foi organizada numa piscina de hotel de 12 metros em Malabo, a maior piscina no país na altura mas os únicos que apareceram foram Paula Barila Balopa, que também era futebolista, e Eric Moussambani, um estudante de engenharia de 22 anos e estes foram portanto os escolhidos para as duas vagas.
Sem treinador nem grandes condições, Moussambani foi treinando como pode: como só podia pagar uma hora por semana para nadar na tal piscina do hotel, também foi treinado a nadar num lago e no mar. Foi já em Sydney que viu pela primeira vez uma piscina olímpica de 50m e foi lá que a equipa da África do Sul lhe emprestou uns calções apropriados, já que até então ele nadara sempre com calções de praia. Tal como a sua compatriota, era suposto Moussambani competir nos 50m livres, mas acabou inscrito nos 100m livres.
No dia 19 de Setembro, o guineense-equatorial apresentou-se para a nadar a primeira de dez eliminatórias dos 100m livres acompanhado por mais dois nadadores, Karim Bare do Níger e Farkhod Oripov do Tajiquistão. No entanto, estes dois seriam desclassificados por falsa partida, o que fez com que Moussambani tivesse de nadar a sua prova sozinho na piscina.
Nas piscinas de aquecimento, ele observara os atletas americanos para lhes imitar a técnica e recebeu algum auxílio do treinador da África do Sul, no entanto viria a descobrir que da teoria à prática havia uma longa distância. Chegou aos 50 metros em pouco mais de 40 segundos mas após a viragem, o cansaço atingiu-o e a certo ponto, até pareceu que iria parar no meio da piscina. Porém, sob forte ovação do público, Eric Moussambani terminaria a prova em 1 minuto, 52 segundos e 72 centésimos, de longe o tempo mais lento de todos (o holandês Pieter van den Hoogenband venceu a prova em 48:30). Aliás o seu tempo era mais lento que o recorde mundial dos 200m livres.
Nas piscinas de aquecimento, ele observara os atletas americanos para lhes imitar a técnica e recebeu algum auxílio do treinador da África do Sul, no entanto viria a descobrir que da teoria à prática havia uma longa distância. Chegou aos 50 metros em pouco mais de 40 segundos mas após a viragem, o cansaço atingiu-o e a certo ponto, até pareceu que iria parar no meio da piscina. Porém, sob forte ovação do público, Eric Moussambani terminaria a prova em 1 minuto, 52 segundos e 72 centésimos, de longe o tempo mais lento de todos (o holandês Pieter van den Hoogenband venceu a prova em 48:30). Aliás o seu tempo era mais lento que o recorde mundial dos 200m livres.
Porém a aventura de Moussambani tornou-o uma celebridade, com um jornal inglês a atribuir-lhe a alcunha "Eric The Eel" (Eric, a Enguia). E desde então, vários atletas que se notabilizaram pelas suas prestações invulgarmente lentas têm sido comparados a Moussambani. Embora a sua participação tenha sido um paradigma da máxima olímpica do que o importante é participar, também gerou debates sobre a validade de atribuir wildcards a atletas obviamente sem a preparação suficiente para competirem em provas daquele nível.
O tempo encarregaria de provar que Moussambani não era um atleta folclórico e que o seu desempenho em Sydney devia-se sobretudo à sua falta de experiência e de preparação adequada, já que nos anos seguintes viria a nadar em tempos minimamente aceitáveis. Nos campeonatos mundiais de 2001, foi penúltimo nos 50m livres, porém seis segundos mais rápido que o último e só não competiu nos Jogos Olímpicos de 2004, quando já nadava 100m abaixo de 57 segundos, por problemas no seu visto de viagem para a Grécia.
Actualmente, Eric Moussambani trabalha na exploração petrolífera, com a qual a Guiné Equatorial tem-se destacado no mapa económico mundial e é o actual seleccionador nacional de natação. Hoje em dia, a Guiné Equatorial tem uma piscina olímpica e Moussambani treina uma média de trinta atletas.
Eric Moussambani em 2014 conta a sua experiência olímpica:
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