Ele há ideias que são tão absurdas que só podem mesmo dar certo. Foi o que aconteceu em 1999 quando um hino à cor azul tornou-se um êxito internacional. E não, não falo de "A Cor Azul" dos Delfins, embora seja corrente a obsessão que Miguel Ângelo tem por essa cor (que aliás também é a minha preferida, sobretudo o tom turquesa).
A introdução da canção fala por si mesmo:
Yo, listen up this is a story
About a little guy that lives in a blue world,
And all day and all night everything he sees
Is just blue like him, inside and outside
Blue his house and a blue little window
And a blue Corvette
And everything is blue for him
And himself and everybody around
'Cause he ain't got nobody to listen to...
Sim, adivinharam. Trata-se de "Blue (Da Ba Dee)" do trio italiano Eiffel 65, uma daqueles tesourinhos do euro-pop dos anos 90 que tinha tanto de irritante como de viciante.
Jeffrey Jey, Gabry Ponte, Maury Lobina |
Os Eiffel 65 eram compostos por Gianfranco "Jeffrey Jey" Randone (nascido a 5 de Janeiro de 1970 em Lentini na Sicília), Gabriele "Gabry" Ponte (nascido a 20 de Abril de 1973 em Turim) e Maurizio "Maury" Lobina (nascido a 30 de Outubro de 1973 em Asti). Os três já tinham vasta experiência na música quando se reuniram para um projecto em comum. Segundo eles, não se conseguiam decidir sobre o nome a dar ao grupo pelo que deixaram que fosse um programa de computador a escolher. Eiffel foi o nome escolhido, mas como alguém tinha escrito a lápis por lapso o número 65 no papel enviado para ao designer gráfico, a primeira impressão da capa do single "Blue (Da Ba Dee)" acabou por vir com o nome e o número juntos. O trio ficou surpreendido mas decidiu adoptar então o nome Eiffel 65.
"Blue (Da Ba Dee)" foi portanto o primeiro tema que os Eiffel 65 compuseram juntos, baseado numa melodia de piano escrita alguns anos antes por Maury Lobina. Segundo Jeffrey Jey, que foi o autor da letra, o tema da cor azul surgiu ao acaso. E como não faziam intenção de ter uma letra muito elaborada para a canção, foi só martelar a palavra "blue" várias vezes.
O grupo com Zorotl, o extra-terrestre protaginista dos videoclips |
Igualmente célebre é o respectivo videoclip em animação 3D, onde Jeffrey Jey é raptado por um grupo de extraterrestres azuis. Ponte e Lobina viajam ao planeta deles para salvá-lo mas no final descobrem que os alienígenas são na verdade fãs do grupo e da canção, por razões óbvias.
Num dos muitos casos de algo tão mau que dá a volta e fica bom, "Blue (Da Ba Dee)" tornou-se imediatamente um sucesso à escala mundial, atingido o n.º 1 dos tops da Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Reino Unido (onde vendeu mais de um milhão de cópias). Chegou ao n.º 6 do top americano e foi nomeado em 2001 para o Grammy para Melhor Tema Dance.
No início de 2000, os Eiffel 65 lançaram o single seguinte "Move Your Body" que também conheceu algum sucesso, tendo sido n.º 1 na Áustria e em França.
Porém nem o álbum de estreia "Europop" nem os singles subsequentes como "Too Much Of Heaven" conseguiram prolongar o êxito internacional. No entanto os Eiffel 65 gravaram mais dois álbuns cujo sucesso ficou restringido a Itália (o terceiro álbum, com o nome do grupo, tinha só canções em italiano). Também fizeram remisturas para temas de artistas como Toni Braxton, Bloodhound Gang e S Club 7.
O trio separou-se em 2005 com os três membros a quererem seguir projectos a solo mas desde 2010 que voltaram a actuar em conjunto ocasionalmente e parece que um novo álbum está na calha.
Entretanto, o legado de "Blue (Da Ba Dee)" continua. Em 2009, foi samplado para o tema "Sugar" de Flo-Rida e em 2013, foi incluído na banda sonora do filme "O Homem de Ferro 3", o que levou o tema a reentrar no top 40 britânico. Só me espanta que o tema nunca se tenha tornado um must das claques do FC Porto ou do Belenenses…
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