Se hoje em dia é assaz consensual o talento de Brad Pitt como actor, o simples facto de ser abençoado com óptimos genes - que até mesmo hoje, aos 51 anos, lhe garantem lugar irrevogável nas listas dos homens mais sexy do planeta - fez com que durante muito tempo tivesse sido visto apenas como um galã, sex-symbol e ídolo das pitas, tal como sucedera antes com Tom Cruise. Isto apesar do actor natural do estado do Oklahoma ter sempre pautado por escolher frequentemente papéis que fugiam ao rótulo de galã (por exemplo "Clube de Combate", "Sntach - Porcos & Diamantes" ou "Doze Macacos").
Embora já tivesse sido notado em filmes como "Thelma & Louise", "Duas Vidas e Um Rio" e sobretudo "Entrevista Com Um Vampiro", é seguro afirmar que o momento em que Pitt se afirmou como uma estrela de Hollywood e sex-symbol mundial foi com o seu desempenho em "Lendas da Paixão", o melodrama de época de 1994, realizado por Edward Zwick e cujo elenco contava também com Anthony Hopkins, Julia Ormond, Aidan Quinn e Henry Thomas, o eterno Elliott de "E.T.", naquele que permanece como o seu mais célebre papel como adulto.
O filme baseado na obra de Jim Harrison, conta a saga da família Ludlow ao longo da primeira metade do século XX. Desiludido com a desconsideração do governo americano para com os índios nativo-americanos, o coronel William Ludlow (Hopkins) assenta residência num rancho em Montana. A sua esposa Isabel (Christina Pickles), mulher citadina, não se adapta à vida no rancho e aos seus agrestes Invernos e acaba por se ir embora. Alfred (Quinn), o filho mais velho é responsável e zeloso enquanto Tristan (Pitt), o do meio, é um espírito bravio e indomável, versado nos costumes ameríndios desde que em pequeno teve um confronto com um urso. Uma das poucas coisas que Alfred e Tristan têm em comum é o amor que nutrem pelo irmão mais novo Samuel (Thomas), que cresce protegido pelo pai e pelos irmãos, levando a que seja um pouco ingénuo apesar de ser o mais instruído dos três.
Quando Samuel regressa ao rancho depois de terminar os seus estudos em Harvard, traz consigo a sua noiva Susannah Fitzcannon (Ormond) uma bonita e simpática jovem de Boston, que acabará por ter um lar longe do seu lar no rancho e no seio dos Ludlow. Apesar do seu amor a Samuel, Susannah sente-se atraída por Tristan. Este será o início de uma teia de paixões cruzadas, tragédias e culpas que atravessará as décadas seguintes, passando pela Primeira Guerra Mundial, a lei seca dos anos 20 e a grande depressão dos anos 30. Para complicar ainda mais o quadrado amoroso de Susannah e dos três irmãos, existe Isabel Two (Karina Lombard), a filha mestiça do capataz dos Ludlow, apaixonada por Tristan desde menina e que ao crescer, se torna numa bela mulher.
Embora sejam notórios alguns tiques de drama épico concebido com olho claramente fisgado nos Óscares, "Lendas da Paixão" é um filme bem-conseguido, graças à competente realização de Edward Zwick e ao bom desempenho de todo o elenco, embora alguns críticos tenham referido que esta é uma das interpretações mais discutíveis da indiscutível carreira de Anthony Hopkins. Apesar das suas ambições e do sucesso comercial, o filme só foi nomeado para três Óscares em 1995 em categorias técnicas, tendo ganho a estatueta para Melhor Fotografia de John Toll, que é de facto belíssima. Mas sem dúvida que quem mais brilhou foi Brad Pitt, assaz competente encarnando o herói constantemente perseguido pela tragédia além de que a imagem da sua personagem com longos cabelos louros e aura virilmente selvagem (e umas quantas cenas sem roupa) o cimentou como o novo eye-candy do público feminino e o maior sex-symbol da década de 90, um estatuto que Pitt sempre teve relutância em aceitar.
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