Até ao fenómeno Big Brother, o grande acontecimento no panorama televisivo em Portugal no ano 2000 foi um conjunto de telefilmes produzidos e emitidos pela SIC. A iniciativa, denominada SIC Filmes, foi anunciada com pompa e circunstância e consistiu na produção de doze telefilmes, cada um exibido em cada mês do ano. Ainda longe de se pensar que em Setembro desse ano, a TVI daria os primeiros passos para alcançar o ceptro da liderança que a SIC orgulhosamente ostentava, a estação de Queluz ainda reinava indiscutivelmente e esta iniciativa foi aguardada com muita expectativa, até porque o telefilme era até então um produto televisivo algo raro e pouco explorado em Portugal.
Entre os telefilmes resultantes da SIC Filmes, contam-se títulos como "Monsanto", "Facas e Anjos", "Mustang", "O Lampião da Estrela", "Aniversário" e "A Noiva". Mas o mais famoso e recordado de todos foi sem dúvida o primeiro deles todos, "Amo-te Teresa" que Portugal parou para ver no dia 11 de Janeiro de 2000.
Realizado por Ricardo Espírito Santo e Cristina Boavida (jornalista da SIC e autora do argumento), "Amo-te Teresa" narrava a história do amor proibido entre uma mulher adulta e um adolescente, interpretados por Ana Padrão e Diogo Morgado.
Teresa (Ana Padrão) é uma médica que, após o fim de uma relação, decide trocar Lisboa pela vila alentejana onde nasceu para trabalhar no Centro de Saúde local. Apesar de guardar ressentimento sobre a reacção local a um escândalo que envolveu os seus pais, acaba por adaptar-se à vida local.
Teresa retoma a amizade de infância com Paula (Maria João Abreu) e muda-se para a casa em frente dela. Entretanto descobre que Miguel (Diogo Morgado), o rapaz que conheceu no dia da sua chegada à vila quando o avião telecomandado dele chocou contra o carro dela, é o filho mais velho de Paula. Miguel é um adolescente 15 anos, bonito e sensível, que para além da paixão pelo aeromodelismo, adora desenhar.
Apesar da diferença de idades e dos riscos que isso implica, Teresa e Miguel desenvolvem uma forte cumplicidade e uma atracção à qual são incapazes de resistir. Os dois chegam mesmo a ter momentos de ciúmes, Teresa em relação a Sandra (Margarida Vila-Nova), uma colega de Miguel, e este face a Vítor (José Wallenstein), um amigo de Teresa que vem de Lisboa visitá-la.
Tudo se complica quando Cândida (Isabel de Castro), a avó de Miguel que nunca gostou de Teresa, descobre desenhos de Teresa nua feito pelo neto e Paula surpreende os dois abraçados na casa dele. Escorraçada pela população, Teresa regressa a Lisboa mas Miguel não desiste da relação entre ambos, só que está tudo contra eles. Só depois de pagarem um duro preço é que Teresa e Miguel poderão ficar finalmente juntos.
Com todos os ingrediente típicos de uma telenovela condensados em 90 minutos, "Amo-te Teresa" foi um sucesso de audiência. Do elenco fizeram também parte nomes como Marcantónio Del Carlo, Sinde Filipe, Maria Emília Correia, Afonso Pimentel e Sílvia Alberto. Como não podia deixar de ser, Herman José fez uma paródia ao filme intitulada"Babo-te Teresa", onde Herman recuperava a mítica Maximiana e Maria Rueff fazia de uma mulher de 35 anos que vivia um amor proibido com um idoso de 95 anos.
Embora Diogo Morgado já fosse conhecido de outros trabalhos como a telenovela "Terra Mãe", foi sem dúvida com "Amo-te Teresa" que lançou a carreira daquele que agora é mundialmente conhecido como o "Hot Jesus". Morgado entraria também noutro telefilme da SIC, "A Noiva", onde confirmou aos 19 anos a sua versatilidade fazendo de uma personagem de trinta anos, ao invés de ter feito de adolescente em "Amo-te Teresa".
Capa da novelização do filme |
"Amo-te Teresa", bem com outros telefilmes que se seguiram, tiveram direito a edição em VHS e a uma novelização em livro. A iniciativa SIC Filmes foi prolongada em 2001, mas com menor sucesso. Segundo o IMDB, o telefilme foi exibido em 2005 na Hungria.
De referir ainda que a principal música do filme é "Asas (Eléctricas)" dos GNR, que também foi o primeiro single do seu álbum "Pop Less".
Trailer:
Sem comentários:
Enviar um comentário