Quis o destino que eu viesse ao mundo no dia em que se comemorava o sexto aniversário da revolução de 25 de Abril. Graças aos exemplares online do Diário de Lisboa, disponíveis no site da Fundação Mário Soares, tive a oportunidade de descobrir como a RTP programou esse dia e impõe-se uma análise.
Na RTP1, a emissão iniciou-se às 10:55 precisamente com a transmissão das comemorações do sexto aniversário do 25 de Abril, em directo da Praça do Império em Lisboa. Seguia-se às 15:00 a transmissão da sessão plenária comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, que ainda hoje é transmitida anualmente.
Às 17:00, "Arte & Manhas", um programa para os mais novos idealizado por José Isidro, umas das primeiras vezes em que ele encarnou o seu semi-heterónimo do Tio Julião, uma espécie de tio porreiro da criançada nacional, algo que veio a perpetuar com outros programas como o "Clube Amigos Disney" e alguns livros como "As Histórias do Tio Julião". (Será que "O Tio João" que vem a seguir ao programa na página do Diário de Lisboa não era uma gralha?) Entre outros convidados, o programa contava com a participação de Adelaide Ferreira (no papel de uma vendedora ambulante) e Ana Bola. Eis um excerto:
Ás 18:00 (precisamente quando eu estava a nascer), a emissão seguia para o antigo Estádio de Alvalade para um Sporting-Benfica...em atletismo. Às 19:30, informação regional no "País, País", um antepassado do actual "Portugal em Directo" e o Telejornal chegava, comme il faut, às 20:00.
Chegadas as 20:50, era hora da telenovela para mais um episódio de "Dancin' Days", a mítica telenovela de Gilberto Braga (que em 2012, viria a ser a primeira telenovela brasileira a ter uma adaptação portuguesa). Mais um capítulo onde acompanhávamos o percurso da ex-presidiária Júlia (Sónia Braga) para conquistar a sua filha Marisa (Glória Pires), que foi criada pela irmã Yolanda (Joanna Fomm), enquanto pelo caminho vivia um romance atribulado com Cacá (António Fagundes). Tudo isto ao som do disco-sound.
Às 21:35, era altura de saber o estado do tempo para o dia seguinte em "O Tempo". Ás 21:40, seguia-se um episódio da série documental da BBC "O Homem Verde" (The Botanic Man, 1978), apresentada por David Bellamy, um renomeado botânico e um dos primeiros eco-activistas, mostrando-nos várias maravilhas da Natureza.
Às 22:10, um programa de informação "40:60". Ás 22:55, um programa de variedades, conduzido pelo cantor e compositor francês Claude Nougaro (1929-2004), que recebia no seu programa convidados do calibre de Georges Brassens, Michel Jonasz e Marie-Paule Belle. A fechar a emissão, às 23:55, um último bloco informativo com o "24 Horas".
Na RTP 2, a programação resumia-se a pouco mais de três horas, começando às 20:30 com um documentário sobre a história do cinema alemão, um espaço informativo e às 22:00, um telefilme francês de 1978 realizado por Edmond Seechan, "Fotografia Histórica", sobre um cirurgião interpretado por Jean-Claude Carrière, que começa a ver estranhas visões na fotografias de Polaroid tiradas por um dos seus pacientes e tenta decifrar qual a mensagem que essa máquina fotográfica, que parece ter vida própria, lhe quer transmitir.
Como se pode ver, foi um dia com uma programação bastante variada (algo que hoje em dia, com mais canais e programação ao longo das 24 horas do dia, não se pode dizer muitas vezes): informação, desporto, telenovela, programa infantil, documentários e cinema francês.
Eu fui mais madrugador, nasci lá pelas 9 horas da manhã :)
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