Dado o sucesso da nova rubrica Top 5 da "Enciclopédia de Cromos", onde eu, o David Martins e o Paulo Gomes elaborámos um top dos nossos melhores presentes de Natal, surgiu-me agora a inspiração para um novo top 5.
Se é verdade que nunca fui gordo, pelo menos ao ponto de levar com as habituais alcunhas com que os miúdos gordos eram habitualmente presenteados (gordo, badocha, bucha, bazuca... felizmente que havia sempre alguns rapazes na minha turma que tinham literalmente mais corpo para esses cognomes), a verdade é que nunca fui magro. Tal como todos os miúdos, as comidas que faziam mal (doces, fritos, batatas fritas e outros snacks da Matutano) seduziam-me mais do que as que faziam bem. Só a espaços é que comia fruta, embora gostasse de quase todos os legumes, em especial cenoura. Por isso, nunca fui magro, sempre tive barriga e a culpa é da quantidade do açúcar que ingeri em miúdo (e que não diminuiu assim tanto em adulto). Aliás nem sei como é que devido a isso nunca me tornei em alguém digno de concorrer ao "Peso Pesado".
Entre todo o tipo de guloseima que eu devorava, os chocolates estavam sem dúvida no meu topo de preferências. E os anos 80, a década da minha infância foi fértil em vários tipos de chocolate, desde os mais clássicos como as singelas tabletes da Regina das máquinas de furos, o mítico "Coma Com Pão", as sombrinhas ou aquela tablete em wafer que dava pelo algo inusitado nome de Taxi. Além disso, na segunda metade da década, surgiu uma fértil e variada leva de novos chocolates que chegaram ao mercado e que fizeram as delícias do miúdos gulosos como eu e a desgraça dos seus dentes e sistemas digestivos. Apesar de ter alguns chocolates preferidos, não tinha uma grande fidelização, marchava quase tudo. O único chocolate de que eu nunca gostei foi o Bounty, porque na altura eu não gostava nada de coco (e ainda hoje não aprecio por aí além) e também nunca fui fã de chocolate branco, só comia em falta de algo melhor. Todas estas marcas ainda existem no mercado, algumas com a popularidade de sempre, outras com menos fulgor, alguns terão outros formatos e variedades (como em chocolate branco), mas sem dúvida que saborear estes chocolates nos tempos de petiz tinha outro sabor.
#5 Maltesers - Sim, quando se fala em chocolates aos pedaços, é difícil resistir o apelo colorido das Pintarolas, Smarties, Lacasitos e M&M's. No entanto, na primeira vez que comi Maltesers, senti-me como a Dorothy em Oz. Ela já não estava no Kansas, eu já não estava no terreno das Pintarolas. Ao comer os Maltesers, senti-me de repente mais maduro e sofisticado. Não era um puto que se deixava fascinar pelas corzinhas dos Smarties e similares. Sim, os Maltesers eram todos da mesma cor, de um baço castanho claro, mas ofereciam um paladar mais refinado, devido àquele interior leve e quebradiço que vinha lá dentro, que nunca soube como se chamava. Quando apareceram, o slogan dos Maltesers era "a forma mais leve de comer chocolate".
#4 Lion - Cantemos todos: "Selvagem, uma dentada em Lion!" Sem dúvida que o Lion era o chocolate mais selvagem, não só pela célebre figura do leão estampado no rótulo mas sobretudo pela sua morfologia. Longe das tabletes direitinhas e alinhadas, o Lion vencia pela sua forma irregular e grosseira com tudo e mais alguma coisa (cereais, caramelo, wafer) sob uma capa de chocolate. E como se impunha, a primeira dentada em Lion tinha de ser bem selvagem e desmedida, abrindo bem a boca, abocanhando a barra, trincando quase até metade e depois mastigar bem alto dentro da boca.
#3 Twix/Raider - Quando surgiu em Portugal (em 1987 senão estou em erro), o Twix foi comercializado com o nome de Raider, tendo apenas adoptado o nome como era conhecido internacionalmente uns anos mais tarde. Se é verdade que Raider tinha o seu quê de mais sonante e másculo, a verdade é que Twix fazia mais sentido para o chocolate que era, jogando com as palavras two, twin e mix. Fazendo jus à máxima de que melhor que um chocolate, só mesmo dois chocolates, o Twix ganhava por ter duas peças em cada embalagem. O que eu mais gostava no Twix era o biscoito crocante e em miúdo, tinha uma técnica que consistia em comer primeiro a parte de cima, que era de caramelo, mais mole, para depois dedicar-me à parte do biscoito.
#2 Mars - Quem ainda se recorda do slogan que dizia que "Um Mars por dia ajuda a trabalhar, a descansar e a divertir-se"? Não sei se ajudava assim tanto, mas sem dúvida que em petiz, eu era todo pela ideia de comer um Mars por dia, ajudasse ou não no quer que fosse. O Mars destacava-se pela sua sobriedade. O simples invólucro preto com umas letras gordas em vermelho e um contorno dourado e o seu aspecto simples, nem abandalhado como o Lion nem direitinho como as tabletes tradicionais, escondiam o sabor poderoso do seu interior deliciosamente espesso.
#1 Crunch - Confesso que um dos principais motivos pelos quais pus o Crunch no lugar cimeiro deste top foram os anúncios publicitários, em que mal alguém ferrava uma dentada num Crunch, algo nas redondezas ia abaixo. Lembro-me que na primeira vez que comi um Crunch, esperei até estar a alguma distância da mercearia, não fosse o Diabo tecê-las. Mas sem dúvida que o Crunch era especial pois conciliava o melhor dos dois mundos, tendo tanto de certinho como de selvagem: era uma tablete direitinha, envolvida num papel azul escuro apenas interrompido por uma tira branca e as letras garrafais em vermelho (mas que ainda assim não era das embalagens mais berrantes) e estava dividido em quadradinhos; porém essa disposição ordeira escondia o célebre fundo em arroz tufado (ou "arroz estufado" como já ouvi) e que soava ruidosamente quando mastigado na boca. Por essa justaposição vencedora, o Crunch merece o #1 deste top.
Concordam com este meu top? Consideram que outro chocolate ficou criminosamente fora da lista? Como sempre, podem dizer da vossa justiça nos comentários do blogue ou na página do Facebook da "Enciclopédia de Cromos".
Ainda há Lion??? Um dos meus favoritos!
ResponderEliminarApetitosa lista! :)
Aprovado!
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