Hoje é 21 de Março, o Dia Mundial da Floresta também conhecido como o Dia da Árvore. Lembro-me de que quando estava na escola primária, o Dia da Árvore era um dos dias mais aguardados pela petizada, quanto mais não fosse por ser um dia que interrompia a habitual rotina de aulas. Geralmente as escolas um pouco por todo o país programavam algo como uma visita a um bosque ou plantar algo nos canteiros da escola ou em terrenos das imediações. Lembro-me que numa dessas actividades, no meu 4.º ano, foi uma das raras ocasiões em que peguei num sacho.
Ao que pude apurar, a criação deste dia é atribuída a John Stirling Morton. Em 1872, este americano do estado do Nebraska conseguiu induzia a população a consagrar um dia no ano à plantação ordenada de diversas árvores para resolver o problema de escassez de material lenhoso. A iniciativa depressa se estendeu a outros países. A primeira Festa da Árvore em 1907 em Portugal foi celebrada no Seixal, tendo-se tornado uma iniciativa nacional em 1913. Em 1972 o dia 21 de Março, geralmente o primeiro dia de Primavera no Hemisfério Norte, foi designado como o Dia Mundial da Floresta. (Nos países do Hemisfério Sul, como o Brasil, celebra-se a 21 de Setembro.)
Em 1984, as comemorações do Dia Mundial da Floresta desse ano ficaram marcados por uma campanha de sensibilização com o patrocínio da Nesquik, contando com a aparição do Cangurik, a mascote da altura. Vários produtos foram distribuídos na altura, como livros de banda desenhada e jogos didáticos, como o da Quinta do Cangurik.
Mas o maior legado dessa campanha (que foi importante para sensibilizar a petizada da minha geração para as questões ecológicas) foi uma canção que marcou a minha infância e a de muitos daqueles que foram crianças nos anos 80. Infelizmente hoje em dia essa canção é pouco recordada e julgo que merecia estar no Panteão de músicas infantis nacionais ao lado de títulos imortais como "Eu Vi Um Sapo" e "O Areias". Falo obviamente de "Uma Árvore, Um Amigo", composta pelo génio prolífico que era Carlos Paião e interpretada por Joel Branco.
Este tema terá sido o momento de maior glória da carreira Joel Branco, apesar da sua longa carreira como actor e de algum sucesso como recording artist, com temas como "Algodão Doce", "Olho Vivo e Zé de Olhão" (com Herman José) e uma das duas versões de "Rita, Rita Limão" presentes no Festival da Canção de 1977. Lembro-me de quando Joel Branco interpretou uma personagem obscura e mal encarada na telenovela "A Grande Aposta" (1996), tive dificuldade em acreditar que aquele actor era o mesmo senhor simpático que aparecera anos antes na televisão a cantar sobre as árvores. Actualmente Joel Branco pode ser visto na série "Sinais de Vida" da RTP.
"Uma árvore, um amigo" tornou-se a banda sonora de todos os Dias da Árvore dos anos 80 e era uma daquelas canções que coros espontaneamente formados podiam desatar a cantar nos recreios da escola. Lembro-me até de que quando nas aulas se falava em árvores, costumava haver alguém da turma a afirmar "uma árvore é um amigo!"
O disco tinha como Lado B o tema "Piquenique, Piquenique" e como se indicava na capa do disco, tinha como oferta um puzzle didático:
A música “Uma árvore, um amigo!” foi resgatada no filme musical “Fogo-fátuo”, de João Pedro Rodrigues, lançado em 2022. Os créditos do filme informam que é interpretada por Joel Branco e o Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras. E o próprio Joel Branco atua no filme interpretando o rei morto em 2069.
ResponderEliminar