Antes de mais quem se lembra deste anúncio ao gelado "Carrocel"[sic] da Olá de três sabores entrançados - morango, baunilha e chocolate - com jingle cantado por Carlos Alberto Moniz e onde se viam adultos e crianças a saborearem o dito gelado enquanto andavam numa maquineta giratória? Lembro-me de ter inveja dos putos do anúncio que não só se deleitavam com o gelado como andavam naquele carrossel improvisado mas nem por isso menos apelativo.
Mas o carrossel de que eu venho hoje falar é outro. Nos anos 90, como se não bastassem as telenovelas brasileiras e algumas portuguesas, as estações televisivas nacionais incluíram bastantes telenovelas latino-americanas dobradas em brasileiro, sobretudo vindas do México e da Venezuela. Na TVI, foi possível acompanhar folhetins como "Kassandra", "Estrela", "O Preço da Paixão", "Morena Clara" e "Caprichos", enquanto na RTP deram títulos como "Prisioneira do Amor", "Coração Selvagem", "Marimar" e "A Ingrata". Até a SIC chegou a exibir em horário de almoço a produção venezuelana "Por Amar-te Tanto". Mesmo com a opinião geral da má qualidade das dobragens e da estrutura rudimentar e lacrimejante das histórias, nem por isso estas telenovelas deixaram de ter os seus seguidores.
Porém houve uma telenovela mexicana que conseguiu se destacar de entre todo o lote, quanto mais não fosse pelo seu elenco maioritariamente infantil. Tratava-se da telenovela mexicana "Carrossel", datada de 1989, mas exibida na RTP 2 de segunda a sexta-feira antes do espaço de animação de fins de tarde entre 1992 e 1993. (Aliás, era inspirada numa telenovela argentina dos anos 60.) Basicamente, tratava-se dos "Morangos com Açúcar" versão primária.
Helena Fernandez (Gabriela Rivero) é uma jovem e bonita professora que tem a seu encargo uma turma da 2.ª classe da Escola Mundial. Doce e simpática mas sem hesitar em impôr a autoridade quando tal se justifica, Helena depressa conquista o coração dos alunos e trava amizade com Susana (Janet Ruiz) a outra professora do mesmo ano e o contínuo Firmino (Augusto Benedico), um simpático velhote que trata os alunos como "os meus diabinhos", embora por vezes seja criticada pela autoritária Directora Olívia (Beatriz Moreno). Mas são as inúmeras peripécias e sarilhos que os miúdos se metiam que dominavam a trama.
Tínhamos o pobre e ingénuo Cirilo (Pedro Javier Viveros), eterno-apaixonado da bonita e rica mas presunçosa Maria Joaquina (Ludwika Paleta); o gordo Jaime (Jorge Granillo) o líder dos rapazes, que não gostava de quando as raparigas se metiam nos seus planos; Daniel (Abraham Pons) o mais inteligente e sensato; Valeria (Crystel Klithbo) a mais astuta das raparigas que tem um namoro infantil mas terno com Davi (Joseph Birch); Pablo (Mauricio Armando) o fura-vidas da turma sempre a pregar partidas; Laura (Hilda Chavez) a gorducha para quem tudo é "romântico" e "sentimental"; Mário (Gabriel Castañon) pobre e sofredor, negligenciado pela madrasta; Carmen (Flor Eduarda Gurrola), terna e madura; Jorge (Rafael Omar Lozano) o menino rico que se acha melhor que todos; e, entre outros, Kokimoto (Yoshiki Takiguchi) o japonesinho que, como não podia deixar de ser, era perito em artes marciais.
Ao longo dos episódios foram tratados temas como o divórcio, as desigualdades sociais, o racismo, a religião, o abandono e o tráfico de droga. Como a telenovela apanhou-me na pré-adolescência, eu acompanhava-a ora ainda me identificando de certo modo com os pequenos protagonistas, ora já achando que eu era mais crescido que eles e que aquelas histórias já tinha um travo de nostalgia.
A telenovela teve várias remakes na América Latina, a mais recente estreou já em 2012 no canal brasileiro SBT. Além de México, Brasil e Portugal, a telenovela teve particular êxito na Coreia do Sul, onde passou com um título que se traduzia como "Harmonia de Anjos".
Genérico de abertura:
Cena emocionante entre Cirilo e a professora Helena:
Cena emocionante entre Cirilo e a professora Helena:
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