Caros leitores, hoje trago-vos um texto especial (sobre um filme que nunca vi ) da autoria de Sofia Santos, a minha querida sócia do CINE31, que também anda a solo no Girl On Film. Mas já chega de conversa, passo a palavra à Sofia:
por Sofia Santos
Sabiam que estão a pensar fazer um remake de Drop Dead Fred e que Russell Brant deverá ser Fred? A autora destas palavras, preferia não saber, acreditem!
Anos 90. Tinha eu uns 13 anos. Rebelde, irreverente e sem leis, uma das manipuladoras da turma, aquela que falsificava as assinaturas dos encarregados de educação e que seguia o carteiro para apanhar as cartas da escola primeiro que os pais. A sujeita que passava dias inteiros no café e não nas aulas. E, nos dias em que ia às aulas fazia de tudo para cansar os professores e vir para a rua – a “minha especialidade” era mesmo vir para a rua, sem falta. Ohhhhh que tempos gloriosos (ou não - depende dos dias e da disposição com que faço esta avaliação retrospectiva).
Falamos de uma época – fim dos anos 80 inicio dos 90 – dominados por “comédias light”. Comédias com“C” grande – aquelas que têm um espaço privilegiado na “gaveta” dos guilty pleasures de culto - Beetle Juice, Ferris Bueller's Day Off, Can't Buy Me Love, Don't Tell Mom the Babysitter's Dead, Honey, I Shrunk the Kids, The Money Pit e Look Who's Talking entre tantas outras,. Comédias que nos maravilharam com humor simples, fácil e eficiente. Falo de filmes que não nos esquecemos e que mesmo envelhecidos ainda nos fazem soltar umas belas e eternas gargalhadas.
São especiais não só pela sua simplicidade, mas também porque sempre que os vimos relembramos a nossa própria história e ressuscitamos alguns dos momentos que vivemos naquela época. Mas acredito sinceramente que a algumas pessoas, estes filmes/recordações, em vez de fazerem soltar gargalhadas, despertem as lágrimas do passado – penso, por exemplo, na minha professora de alemão. Coitada!
Mas no topo da lista cinematográfica da minha fase rebelde não podia estar outro filme que não Drop Dead Fred. O reflexo em tela daquilo que eu era e pretendia ser de forma esmerada. Fred era a versão melhorada de mim própria. Fred é o amigo imaginário mais cool de sempre.
Antes de me sentar a escrever estas singelas palavras, fiz uma leve pesquisa na internet e reparei - com alguma tristeza - que este deve ser um dos filmes mais odiados de sempre. Existem pessoas que acham ofensivo o comportamento tresloucado de Fred e fazem comparações absurdas, metáforas e dissabores em torno das doenças do foro psicológico. Na minha humilde opinião, acho que esta análise crítica, é mais ofensiva para as pessoas portadoras de doenças mentais do que propriamente para o filme, que é simplesmente e só, uma crítica à infância solitária e àquela fase em que brincamos com amigos imaginários ou simplesmente falamos sozinhos a brincar.
Porra... O gajo dizia asneiras, fingia vómitos chamava mega bitches a toda a gente. Tinha um penteado híper estranho e vestia um fato verde totalmente pop.
Símbolo da rebeldia e do inconsciente.
Realizado por Ate de Jong, Drop Dead Fred (1991) conta a história de Fred (interpretado por Rik Mayall) que vivia na mente infantil de Elizabeth (Phoebe Cates), uma criança cujos pais dedicavam pouca atenção - uma mãe manipuladora e um padrasto mulherengo. Fred era o seu melhor e quase único amigo.
Elizabeth, já adulta, recém-divorciada e sem trabalho, vê-se obrigada a regressar a casa dos pais. E com este “regresso ao passado”, também Fred regressa para a atormentar ou divertir. Assim o seu amigo imaginário de infância leva-a a cometer loucuras, chegando mesmo a ser catalogada como louca pelos outros.
Drop Dead Fred faz-me rir sempre. É idiotamente divertido. É a ver sem qualquer tipo de preconceito ou ideias pré-definidas. Aqueles que pretendem vê-lo uma primeira vez e que não percebam o conceito intrínseco e acharem que o filme é sobre possíveis problemas psiquiátricos de Elizabeth, é sintomático. Significa que talvez precisem de uma consulta na especialidade.
Podem ler mais escritos da Sofia Santos no Girl On Film e no CINE31. Obrigado Sócia, por esta viagem aos anos 90 :)
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