Enquanto em tempos passados, um dos rostos inevitáveis do Natal era Julie Andrews, pois rara era a quadra natalícia em que não desse na televisão o "Música no Coração" e/ou a "Mary Poppins", a partir dos anos 90, Natal não é Natal quando um dos nossos canais de televisão não passe o "Sozinho em Casa", seja o primeiro filme ou a sequela. Às vezes penso que há um decreto-lei que obriga a que a cada mês de Dezembro, tenha de aparecer o rosto pueril de Macaulay Culkin nos nossos ecrãs.
De tantas vezes que deu na televisão, a história já é amplamente conhecida. A numerosa família McCallister prepara-se para passar o Natal em Paris. Devido a uma falha de energia, os despertadores não tocam e entre a correria para chegar a tempo e uma série de equívocos, todos esquecem do pequeno Kevin (Macaulay Culkin) que ficou a dormir no sótão. Quando o petiz vê-se sozinho em casa, a princípio fica eufórico pois tinha-se desentendido com os seus familiares e deste modo, fica livre para fazer o que quiser. Mas as coisas complicam-se quando Kevin descobre que dois ladrões, Harry (Joe Pesci) e Marv (Daniel Stern), conhecidos como os Bandidos Molhados, planeiam assaltar a sua casa. Então, o miúdo decide defender a casa, colocando diversas armadilhas. Pelo meio, vai descobrindo que afinal sente saudades da sua família e que o tenebroso vizinho conhecido como o Homem da Pá de Neve é afinal um velhote simpático.
O filme contém várias cenas ficaram para a história, como aquela em que Kevin experimenta pela vez o ardor de um after-shave, mas claro que o momento alto é a sequência onde os ladrões, ao descobrirem que Kevin está sozinho em casa, decidem assaltar a casa e acabam por cair em todas as hilariantes armadilhas que o miúdo montou: o maçarico na porta, a maçaneta a ferver, as escadas com cola, o armário de ferramentas a cair pelas escadas abaixo e por aí fora. Essa sequência ainda hoje em dia continua a arrancar risos a muita gente. Lembro-me que sempre que o meu pai via o filme, era certo e sabido, que ia ouvi-lo a rir ao ver a série de humilhações dos bandidos.
O sucesso de "Sozinho em Casa" foi tal que se tornou a comédia mais rentável de sempre da história do cinema. Estreados nos Estados Unidos no Natal de 1990, nem o tema natalício impediu que o êxito se prolongasse bem depois da quadra. Deste modo, o realizador Chris Colombus foi elevado a realizador de primeira linha e Macaulay Culkin tornou-se a principal estrela infantil da sua geração. E o miúdo mais invejado do seu tempo, pois aos dez anos vivia a vida de superestrela, enquanto o resto da miudagem vivia a simples vida de miúdo. Só anos mais tarde é que veio à tona que essa vida de mega-mini-celebridade teve um lado negro (do qual felizmente Culkin parece ter recuperado). Mas enquanto não sabíamos de tal, lá íamos vendo com agrado os filmes dele, como "O Meu Primeiro Beijo" e "Pai, Filho e Sarilho".
Em 1992, estreou a sequela "Sozinho em Casa 2: Perdido em Nova Iorque" onde se mexeu pouco na fórmula ganhadora. No Natal seguinte, Kevin volta a desencontrar-se com a família e acaba por ir para a Nova Iorque em vez de Miami. Volta a fazer amizade com uma personagem aparentemente assustadora, desta vez uma senhora sem-abrigo que vive rodeada de pombos e vê-se num novo confronto com os recém-evadidos Bandidos Molhados, sendo estes de novo humilhados noutra sequência cómica de armadilhas, desta vez numa casa em obras. Se por acaso num Natal não der o primeiro filme, dá de certeza esta sequela. A franchise estendeu-se a mais dois filmes, já sem Macaulay Culkin, e está prevista na América uma nova sequela, desta vez em telefilme, este Natal.
Trailer do primeiro filme:
Melhores momentos da sequência das armadilhas:
Trailer do segundo filme:
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