segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Anúncios da Prevenção Rodoviária Portuguesa (Anos 80)


por Paulo Neto



Infelizmente, o nosso país é conhecido pelos seus elevados índices de sinistralidade rodoviária. E se hoje em dia os números não são favoráveis, nos anos 80, quando havia bem menos regulação, registavam-se níveis verdadeiramente preocupantes. Foi nessa década que a Prevenção Rodoviária Portuguesa lançou diversas campanhas institucionais com anúncios que ficaram na memória de todos.



Quem não se recorda nos idos de 1988 do Pepito equilibrista da campanha "Vamos & Vivos"? Num desenho animado algo tosco, uma voz circense anuncia o número do equilibrista que no percurso de volta, emborca uma caneca de cerveja (um cópito para ganhar córagem!) e estatela-se no chão, como uma metáfora para os efeitos do álcool durante a condução automóvel. 




Um anúncio do qual confesso que já não me lembrava era este de 1989, com imagens de um jogo de futebol (ao que parece da Selecção Nacional) aparentemente diante de um Estádio Nacional no Jamor praticamente vazio. Tudo isto para assinalar os alarmantes números de sinistralidade rodoviária que se verificava na altura, chegando ao ponto de encher um estádio. 



Regressando aos malefícios do álcool, este anúncio de 1986 com um lápis a percorrer uma maqueta de estrada com árvores e tudo até ao inevitável partir do bico (isto é, despiste na estrada) é um dos mais míticos que se fizeram sob a premissa do ainda mais mítico slogan "Se conduzir não beba!"


Outro anúncio lendário tinha como slogan "dê mais tempo a quem precisa" e tinha como protagonista um simpático casal de idosos. Um senhor de bengala vê-se em palpos de aranha para atravessar uma rua e ir ter com a senhora que o espera do outro lado. Esta assiste com ar assustado ao esforço do companheiro a avançar lentamente no meio dos carros que não abrandam nem sequer parecem dar conta que ele está ali a tentar atravessar. Finalmente um carro pára para que o idoso atravesse sem mais problemas e se reúna com a senhora. Uma vez juntos, ambos agradecem o gesto.



Os ciclistas também não foram esquecidos nas campanhas da PRP e este anúncio de 1989 advertia para uma nova legislação que obrigava a que os velocípedes sem motor, vulgo bicicletas, a incluir diversos apetrechos reflectores, nomeadamente na rectaguarda, nos pedais e nas rodas (que podiam ser três reflectores de forma circular e ou dois em forma de coroa circular). E de facto, a partir deste anúncio, comecei a reparar mais nas bicicletas com que eu ia-me deparando para ver se tinham os reflectores nas rodas. Esta campanha gerou mais um célebre slogan: "Quem me avista, meu amigo é".



Já este anúncio alertava para os perigos do vandalismo de sinais de trânsito. Existe uma outra versão em que um grupo de jovens passeia alegremente na rua e decidem passar uma lata de tinta de graffiti sobre um sinal de sentido proibido, ao passo que neste vídeo vemos alguém a investir directamente num sinal de STOP com uma marreta. Mais tarde, em plena noite, devido a esse gesto, ocorre uma violenta colisão entre dois carros, sendo possível ver uma figura feminina de balandrau negro, a representar a Ceifeira. E em voz-off e escrito no ecrã surge a frase: "Não faças dos sinais a morte".


     




Como à partida, todos nós andamos a pé na rua, os peões foram sempre um dos mais importantes alvos das campanhas da PRP . Por acaso, também não me lembrava destes dois anúncios de 1988 em que uma rapariga sardenta e de cabelo encaracolado observa os comportamentos correctos e incorrectos de pessoas ao caminhar na rua, dando o sinal de aprovação quando eles procedem bem e abanando a cabeça quando fazem mal, como é o caso num dos vídeos em que um senhor decide dar uma de radical e atravessar uma atarefada praça fora das passadeiras.







Para terminar e depois de anos antes terem dado cara a uma campanha contra a droga, em 1989 os Ministars abraçaram a causa de prevenção rodoviária dos pedestres sob a forma do tema "Só Se Vive Uma Vez", que depressa se tornou tema original mais popular do grupo e um videoclip onde eles surgiam dentro de sinais de trânsito e que me lembro de passar várias vezes ao dia, por exemplo antes da "Rua Sésamo", pelo que eu e os meus colegas de escola tínhamos bem presente o refrão: "Todos somos iguais/de vez em quando/ somos peões neste xadrez/ e só vivemos uma vez".  

Infelizmente já não está no YouTube, um anúncio que eu me recordo bastante bem é aquele sobre a importância de utilizar o cinto de segurança. Um casal tipicamente eighties - ele de bigode, ela de permanente - entra no carro e enquanto o homem coloca o cinto de segurança, a mulher parece mais preocupada com as aparências, ao ponto de querer usar o espelho retrovisor para retocar a maquilhagem. A senhora acaba por pagar caro a sua vaidade pois enquanto está distraída a olhar para o espelho da pala lateral enquanto aplica batom nos lábios, há uma travagem e a mulher bate de cabeça no para-brisas. Ao ver a esposa inanimada, a primeira reacção do ileso senhor de bigode é agarrar com força no cinto e o anúncio termina com a frase "Há um cinto que o prende à vida" dita em voz-off e a aparecer escrita no ecrã. (Esperemos que a sua  reacção seguinte é verificar como estava a mulher e chamar ajuda.) Também me recordo de haver depois uma versão bem mais ligeira do anúncio onde o homem lembra a mulher para colocar o cinto e ela obedece, e o anúncio termina aí com a frase final no plural: "Há um cinto que OS prende à vida."

Espero que um dia também venha a surgir na internet outro anúncio mítico da PRP, o do "Comigo o miúdo vai sempre atrás."

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